Amanhã (26) é celebrado o dia de Nossa Senhora de Caravaggio. Em Farroupilha (RS) acontece a 143ª Romaria de Caravaggio, que segue até domingo (29). “Estamos com uma expectativa muito grande para esta festa”, disse o reitor do santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, padre Ricardo Fontana, depois de “praticamente quatro anos sem romaria”.

“Em 2018, estava tendo a greve dos caminhoneiros e ninguém pôde vir para o santuário. Em 2019, teve uma chuva torrencial. E, em 2020 e 2021, teve a pandemia [de covid-19] que foi uma tristeza muito grande para toda humanidade”, contou o sacerdote.

Independente das dificuldades, o reitor destacou que “a Palavra não faltará nunca aqui. Maria nos oferece essa fonte que é o próprio Cristo, com sua Palavra e seus sacramentos através da Igreja”.

Neste ano, os devotos de Nossa Senhora de Caravaggio voltam ao santuário de Farroupilha. Segundo padre Fontana já foi possui ter um “termômetro” da participação das pessoas durante as pré-romarias, que começaram em 30 de abril, “com um público que superou as expectativas”. A cada fim de semana, grupos específicos peregrinaram ao santuário, como caminhoneiros, ciclistas, motociclistas, crianças, entre outros. Uma das novidades foi a primeira romaria das pessoas com deficiência, em 22 de maio.

“Esperamos que esta romaria seja um momento para proporcionar paz no coração das pessoas, fortalecer a fé e de uma retomada de esperança”, disse padre Fontana. A programação completa da festa pode ser acessada AQUI.

Devoção trazida por italianos

A devoção a Nossa Senhora de Caravaggio é de origem italiana. Em 1432, a Virgem Maria apareceu para uma camponesa chamada Joaneta, na cidade de Caravaggio, entre Veneza e Milão. Na época, as duas regiões viviam disputas políticas e religiosas. Em sua vida pessoal, Joaneta também enfrentava dificuldades. Seu marido, o ex-soldado Francisco Varoli, a maltratava e humilhava.

Em 26 de maio de 1432, uma segunda-feira, às 17h, entre lágrimas e orações, Joaneta viu Nossa Senhora, semelhante a uma rainha e cheia de bondade. A Virgem Maria lhe disse: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça e venho anunciar a paz”. Também pediu que as pessoas voltassem a fazer penitência, jejuassem nas sextas-feiras, fossem rezar na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pediu que lhe fosse erguida uma capela. Ao lado de onde estavam os pés de Maria, brotou uma fonte de água, existente até hoje, onde muitos doentes recuperam a saúde.

Joaneta levou ao povo e aos governantes a mensagem de Maria. Em suas visitas, levava ânforas com água da fonte sagrada, que resultava em curas extraordinárias, prova da veracidade da aparição. A paz foi restabelecida na pátria e na Igreja.

Certa vez, um homem incrédulo sobre a fonte jogou na água um galho seco. Este galho se verdejou, cobriu-se de folhas e desabrocharam flores. Como recordação desse sinal, é costume representar a aparição de Caravaggio com um ramo florido entre a Virgem Maria e a vidente Joaneta.

A devoção a Nossa Senhora de Caravaggio veio para o Brasil com os imigrantes italianos no final do século XIX. “Em 1879, havia aqui uma pequena comunidade que pertencia à Linha Palmeiro (bairro de Farroupilha). Quando foram definir o padroeiro, queriam santo Antônio, mas como na Vila Dona Isabel – que é Bento Gonçalves – já tinha santo Antônio como padroeiro, pensaram em uma devoção mariana. Pensaram em Loreto, mas não encontraram uma imagem. Então, Natale Faoro tinha trazido uma imagem do santuário de Caravaggio, na Itália. Era um pequeno quadro em preto e branco, considerado uma imagem milagrosa. Ele emprestou esse quadrinho, que é de 1724 e aplicaram no primeiro capitel que construíram aqui em 1879. Nas recitas do terço começaram a receber graças sobre graças e, com o decorrer do tempo, fizeram uma capela e a comunidade foi crescendo, junto com a devoção”, contou padre Fontana.

“E essa devoção foi se ampliando cada vez mais para outras regiões não só aqui do Sul. Hoje é uma devoção a nível nacional e, inclusive, pessoas de outros países vêm participar da romaria”, disse o reitor do santuário de Farroupilha.

Entre os vários devotos de Nossa Senhora de Caravaggio está o técnico de futebol Luiz Felipe Scolari, que esteve à frente da seleção brasileira na conquista do penta campeonato na Copa do Mundo de 2002. Após essa vitória, Felipão foi ao santuário mariano para agradecer a Nossa Senhora. Ele percorreu cerca de 18 quilômetros a pé entre Caxias do Sul (RS) e Farroupilha. “O que a gente tinha solicitado a Nossa Senhora de Caravaggio era uma boa Copa, era amizade, carinho, e ela nos deu”, disse o treinador na época.

O atual técnico da seleção, o também gaúcho Tite, costuma visitar o santuário de Caravaggio. Em 2017, após a classificação para a Copa do Mundo de 2018, ele esteve no templo para agradecer a Nossa Senhora. Em 2015, após a conquista do campeonato brasileiro pelo Corinthians, Tite também fez o percurso entre Caxias do Sul e Farroupilhas, como gesto de gratidão.

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