O bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, dom José Ignacio Munilla, rebateu as seis mentiras mais comuns que os defensores do aborto contam no programa Sexto Continente de ontem (23), na Rádio Maria, uma emissora católica espanhola.

1. A causa pró-vida é uma causa ligada à fé e não à ciência?

Em sua reflexão, inspirada em um artigo intitulado "Seis grandes falsidades que os lobbies do aborto repetem sem parar... e como refutá-las", publicado em Religión en Libertad, dom Munilla argumentou que sabemos precisamente o momento determinante em que a vida começa: o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

"É o momento em que o código genético da mãe e do pai são transmutados em um novo código genético, criando um ser vivo diferente."

“A embriologia veio para fazer esta afirmação com contundência, tanto que até os biólogos abortistas têm que aceitar que a vida humana começa com a fecundação”, disse o bispo.

Dom Munilla explicou: “Imaginemos um carro em uma linha de produção industrial. Seria difícil dizer em que ponto da linha o veículo começa a ser. Quando coloca o motor? As rodas? Em uma linha de produção você introduz elementos até que o carro esteja completo”.

“Na gravidez, no momento em que a vida começa após a fecundação, nenhum elemento novo é introduzido. É preciso deixar a vida se desenvolver, não a interromper”.

“Portanto, a afirmação de que a vida é uma questão de fé e não de ciência é absolutamente falsa”, disse Munilla.

2. A recuperação de um aborto é rápida e tranquila?

A propaganda do aborto costuma dizer que essa prática não causará problemas e que, como efeitos secundários, as pessoas normalmente se sentirão aliviadas e algumas, em certos casos, podem se sentir tristes.

Dom Munilla disse que “há muitos estudos científicos que afirmam que toda mulher que fez um aborto sofrerá a síndrome pós-aborto de uma forma ou de outra e se manifesta como insônia, problemas alimentares, raiva, drogas, conflitos”.

“28,2% das mulheres que fizeram um aborto têm depressão depois. O risco de ter pensamentos suicidas aumenta em 94% e o risco de recorrer ou abusar de álcool no futuro em 270%. Quantas vezes o álcool é usado para anestesiar nossa consciência”, destacou o bispo.

Munilla informou que “a associação espanhola de bioética e ética médica fala do fato de que o aborto induzido gera na mãe uma espiral de violência contra si mesma”.

“Quem acompanhou essas mães sabe o quanto é difícil para elas fechar essa ferida. Deus sempre perdoa, é mais difícil para nós perdoarmos a nós mesmos”, disse ele.

3. A Igreja Católica se preocupa apenas com o embrião e não com a mãe?

“É incrível que se faça uma afirmação tão gratuita e sem justificativas”, criticou Munilla.

“Basta ver o trabalho e compromisso assistencial do movimento pró-vida e como tentam ajudar as famílias em situação de pobreza. Lembro-me agora do lema em defesa da vida ‘salvemos as duas vidas’, não me faça escolher entre uma e outra”, disse.

Munilla destacou que a Igreja mantém 72,6 mil escolas de educação infantil, 98,9 mil escolas de ensino fundamental, 49,5 mil escolas de ensino médio, 5.245 hospitais, 14.963 dispensários, 532 leprosários, mais de 15 mil asilos, mais de 9 mil orfanatos, 10.723 creches e 33,8 mil instituições de aconselhamento matrimonial e centros educacionais.

"Com todo respeito, essa frase feita 'só se preocupam com os embriões e não com as pessoas' precisa de um pouco mais de seriedade", disse o bispo.

4. O aborto não tem riscos médicos?

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O bispo espanhol disse que “costumam dizer que é muito raro que ocorram complicações graves, mas muitas vezes acontece que há restos de tecido da gravidez no útero ou coágulos sanguíneos com consequências muito graves, sangramento intenso, infecções, lesões no colo do útero e outros órgãos”.

“Graças aos movimentos pró-vida, estamos aprendendo sobre casos de sobreviventes de abortos fracassados. Alguns casos inclusive de fetos que acabaram nascendo. Imagine a briga que aconteceu lá entre o aborteiro e a criança que tentou sofreria o aborto e saiu viva”, disse.

5. Se as leis pró-vida prosperarem, os abortos espontâneos serão punidos?

Dom Munilla disse que “é completamente razoável que os médicos perguntem a uma mulher que sofreu um aborto espontâneo se ela tomou pílulas abortivas. Mesmo que sua resposta tenha sido sim, não existe nenhuma lei pró-vida que as penalize por ter feito isso”.

"As leis que proíbem o aborto químico não proíbem os médicos de prescrever medicamentos semelhantes para mulheres se forem necessários para controlar um aborto espontâneo, nem proíbem as farmácias de ter tais medicamentos", disse ele.

Munilla disse que "não é verdade que no caso de o aborto ser proibido, os médicos deixarão de recorrer a certos medicamentos que podem ser semelhantes aos usados ​​para a expulsão do feto com um aborto provocado, mas que, no entanto, também devem ser usados ​​para lidar com um aborto espontâneo”.

6. A proibição do aborto empobrece as minorias?

Dom Munilla lembrou que "a multinacional do aborto Planned Parenthood se apresentou ao mundo dizendo que queria favorecer as minorias negras e hispânicas porque viviam em uma situação mais precária e suas gravidezes indesejadas muitas vezes tinham alguém por trás delas que as pressionava".

“A multinacional do aborto se apresentou dizendo que faz um trabalho humanitário, para ajudar essas mulheres pobres para que sua pobreza não cresça. Olha que trabalho humanitário: te livramos de teus filhos. É incrível que esse argumento seja usado”, criticou dom Munilla.

“Pretende-se que as minorias recorram ao aborto não para acabar com a pobreza, mas para acabar com os pobres, porque não esqueçamos que a maior riqueza que podemos ter é a de novos seres humanos que nascem com novos dons e talentos para transformar o mundo em um lugar mais justo”, concluiu dom Munilla.

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