Pelas mãos do padre Fábio Vieira, da diocese de Corumbá (MS), relíquias do beato Carlo Acutis estão andando por todo o Brasil desde que o jovem se tornou beato em 2020. A partir de maio, a peregrinação será na região Sul do país. Para o sacerdote, a devoção ao beato Acutis “acrescenta muito”, sobretudo aos jovens, “porque ela é fruto dos nossos tempos”.

Carlo Acutis foi um jovem que levou uma vida de virtudes heroicas no cotidiano. Nascido na Inglaterra e criado na Itália, ele se tornou conhecido por documentar milagres eucarísticos ao redor do mundo e catalogá-los em um site que ele mesmo criou nos meses anteriores à sua morte. Ficou conhecido por sua alegria e por suas habilidades com o computador, bem como por sua profunda devoção à Eucaristia, que se tornou um tema central em sua vida. Carlo morreu com 15 anos, no dia de Nossa Senhora Aparecida, na Itália, devido a uma leucemia.

Padre Fábio Vieira, pároco do Santuário Nossa Senhora dos Remédios, em Ladário (MS), conheceu a história de Carlo em 2011, por meio de um encarte. Admirado pelo testemunho do jovem, pouco tempo depois padre Fábio teve contato com a mãe de Carlo, Antônia Acutis, e logo começou uma profunda amizade que o levou a passar temporadas e uma jornada de um ano em 2020 na casa da família, por ocasião da pandemia na Itália. 

Os encontros com a família de Carlo aconteceram antes mesmo dele se tornar conhecido no mundo todo. O sacerdote esteve ao lado da família em todo o processo de beatificação na Congregação para a Causa dos Santos.  A beatificação de Carlo aconteceu após o reconhecimento de um milagre por sua intercessão que aconteceu no Brasil. O menino Matheus, de Campo Grande (MS), foi curado de uma malformação congênita conhecida como pâncreas anular após tocar uma relíquia de Acutis.

“Quando o milagre aconteceu em Campo Grande, eu participei das duas audiências na congregação, eu que fui o portador do milagre que aconteceu na cidade e pude viver todo aquele momento bonito da audiência. Continuamos com a divulgação desse testemunho de santidade belíssimo desse menino querido”, conta padre Fábio.

Um dos momentos mais fortes que padre Fábio passou com a família de Carlo, que hoje vive de forma integral o carisma do filho, foram os dois meses e meio de lockdown completo na Itália - primeiro país do ocidente a entrar na pandemia.

“Éramos nove pessoas dentro de casa e o que nos sustentou foi a Eucaristia. Dona Antônia dizia: ‘A Itália toda ficou sem missa, mas Carlo trouxe um padre do Brasil para celebrar a Eucaristia para nós’. Foi uma experiência única de encontro com a humanidade e com a transcendência também. É uma família muito humana, mas que também está voltada para o Céu, assim como o Carlo estava. Eu sou uma pessoa com valores mais consistentes a partir da vivência com a família do Carlo”, lembra o sacerdote.

Padre Fábio passou por vários estados do nordeste e sudeste com as relíquias de Carlo: fios de cabelo e um pedaço da roupa que ele estava usando no dia de sua morte. Em maio, a peregrinação será na região sul, onde participará de programas de televisão católicos e encontros com a juventude.

As visitas missionárias do presbítero mostram a sede que os jovens e o mundo têm de pessoas que vivem radicalmente a santidade. Para ele, Carlos faz a diferença ao resgatar os valores da catolicidade e de que é possível ser santo. 

“Carlo não vem mostrar nenhuma novidade, ele vem mostrar a possibilidade, como criança, como adolescente, como jovem, de voltar às suas origens e se prender àquilo que é essencial, não o que é periférico. É uma devoção que acrescenta muito porque ela é fruto dos nossos tempos. Ser santo é algo tão próximo, está aí. É o extraordinário no ordinário da nossa vida. Carlo mostra essa realidade de uma forma muito clara e, por isso, a devoção a ele é muito consistente”, diz padre Fábio, que hoje tem a missão de dirigir espiritualmente os devotos de Carlo Acutis no Brasil.