O bispo de Ituiutaba (MG), dom Irineu Andreassa, negou que irá fechar o convento das Irmãs Sacramentinas, após as freiras se recusarem a tomar a terceira dose da vacina contra covid-19. Dom Andreassa disse que exortou todos os diocesanos, inclusive as religiosas, a se vacinarem, mas elas não concordaram. Em dezembro de 2020, a Congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé afirmou que a vacinação não é uma obrigação moral e, por isso, deve ser voluntária.

“Não existe nenhum documento que decrete o ‘fechamento’ do convento”, afirmou dom Irineu Andreassa em nota publicada no dia 22 de abril. O bispo classificou como “inverdades” notícias que circularam na cidade mineira de que o convento seria fechado devido à negativa das freiras em se vacinar. Disse ainda que causou “medo e pavor, senão horror”, a maneira como a notícia passou a ser divulgada.

O bispo disse que “‘fechar o convento’ à participação dos fiéis (isolamento social) seria a medida mais lógica para proteger as Irmãs Sacramentinas, visto que elas fizeram a opção de não tomarem a 3ª dose da vacina”. Além disso, afirmou que “os últimos diálogos” com as religiosas “foram desgastantes e dolorosos”, mas que sempre manteve o desejo “de cuidar, apascentar e proteger”.

Para dom Andreassa há dois caminhos frente à covid-19, “a vacina e o distanciamento social”. Ele citou o papa Francisco que, em um vídeo de agosto de 2021 gravado com cardeais e arcebispos das Américas, disse que “vacinar-se com as vacinas autorizadas pelas autoridades competentes é um ato de amor”.

Segundo o bispo de Ituiutaba, “os dois caminhos geraram uma grande insatisfação por parte das irmãs”. “Assim, deixo nas mais das Irmãs Sacramentinas a decisão do caminho a ser seguido, em vista do cuidado com a saúde delas mesmas e o zelo pela vida dos fiéis que já acorrem”, declarou.

“O convento seguirá normalmente suas atividades e desejo que a paz do Ressuscitado alcance os nossos corações”, concluiu.

Em dezembro de 2020, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma “nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas anticovid-19” e afirmou que, “para a razão prática parece evidente que, em geral, a vacinação não é uma obrigação moral e, por conseguinte, deve ser voluntária”.

O documento da Santa Sé abordou o fato de todas as vacinas contra covid-19 serem desenvolvidas ou testadas “recorrendo a linhas celulares derivantes de tecidos obtidos de dois abortos ocorridos no século passado”. As vacinas contra covid-19 autorizadas no mercado foram produzidas ou testadas usando células oriundas de abortos feitos nos anos 1970.

Na nota, a Congregação para a Doutrina da Fé afirma ser “moralmente aceitável” o uso dessas vacinas, pois “o tipo de cooperação para o mal (cooperação material passiva) do aborto provocado do qual derivam as mesmas linhas celulares, por parte de quem utiliza as resultantes vacinas, é remota”. Além disso, declara que “quantos por motivos de consciência rejeitam as vacinas produzidas com linhas celulares derivadas de fetos abortados, devem esforçar-se para evitar, com outros meios profiláticos e comportamentos idôneos, de se tornar veículos de transmissão do agente contagioso”.

ACI Digital tentou contato com as Irmãs Sacramentinas do convento de Ituiutaba, mas não teve resposta até o fechamento desta matéria.

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