O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dom José Ornelas, reafirmou o “pedido de perdão, em nome da Igreja Católica”, a todas as “pessoas que passaram pela dramática situação do abuso”. O bispo também garantiu o “empenho” da Igreja “em ajudar a sarar as feridas” das vítimas.

Dom Ornelas, que também é bispo de Leiria-Fátima, fez esta declaração durante seu discurso de abertura da 202ª Assembleia Plenária da CEP, que teve início ontem (25) e segue até quinta-feira (28), em Fátima. Segundo ele, o tema dos abusos “terá um lugar de destaque nos trabalhos da assembleia”.

O presidente da CEP declarou que todas as dioceses portuguesas criaram comissões diocesanas de proteção de menores entre 2019 e 2020, após a publicação da carta apostólica do papa Francisco Vos estis lux mundi. Este documento contém as medidas que devem ser adotadas para prevenir e combater os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja contra menores de idade e pessoas vulneráveis.

Dom Ornelas lembrou que também foi constituída uma coordenação nacional dessas comissões diocesanas, “para implementar procedimentos, orientações e esclarecimentos que possibilitem um melhor e mais articulado trabalho de todos”. Além disso, afirmou, “por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, foi criada uma Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa, com o objetivo prioritário de realizar um estudo que vise o apuramento histórico desta questão, assim como o de criar uma estrutura de ‘escuta’ a nível nacional”.

Esta comissão independente iniciou os seus trabalhos em janeiro de 2022 e dará prosseguimento até o final do ano. O objetivo é recolher denúncias e testemunhas de vítimas de abusos desde 1950. No último dia 12 de abril, a comissão apresentou um balanço do primeiro trimestre de suas atividades e disse que já registrou 290 testemunhos.

Em seu discurso, dom Ornelas reforçou que a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa “desenvolve o seu trabalho de forma autônoma”.

O bispo deixou “uma palavra de profunda gratidão” a quem “já se aproximou para contar a sua dura história, superando compreensíveis resistências interiores, marcadas certamente por feridas profundas”. Além disso, encorajou “as pessoas que ainda procuram o momento mais apropriado para se referirem ao que nunca devia ter acontecido nas suas vidas, para que o façam”. “Estamos convosco: acompanhamos-vos na vossa dor, queremos ajudar a repará-la e tudo faremos para prevenir situações como as que tiveram de enfrentar”, disse.

Para o presidente da CEP, este tema, que estará em pauta durante a assembleia, exige “acompanhamento ativo e cuidado para pôr em prática processos e atitudes que defendam a integridade, a dignidade e o futuro de todas as pessoas, particularmente as crianças e aqueles que se encontram em situação de fragilidade, na Igreja e na sociedade”.

“Como Igreja, sentimos o imperativo do Evangelho que anunciamos e que implica a promoção de uma cultura de respeito e dignidade que favoreça o são desenvolvimento de cada pessoa e ajude a sarar as feridas que permaneçam abertas”, declarou.

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