A senadora Simone Tebet (MDB), pré-candidata à presidência da República, disse ser cristã e contra o aborto. Mas defendeu os casos em que o aborto não é penalizado no Brasil e afirmou que o assunto “não pode ser tabu”. “Particularmente, acho que a Constituição Federal foi muito feliz quando disse que o aborto é permitido nos casos de estupro, nos casos em que a mulher está com sua vida ameaçada e, agora, no caso dos anencéfalos”, disse Tebet.

No Brasil, o aborto é crime tipificado pelo Código Penal e não é punível quando a gravidez é decorrente de estupro e quando há risco para a vida da mãe. Além disso, em um julgamento de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o aborto também não é punível em casos de bebê com anencefalia.

Em sabatina do UOL e da Folha de S. Paulo, transmitida pela internet hoje (18), Tebet disse que, embora o Estado seja laico, ela é cristã. Sobre o aborto, declarou que é um tema “complexo” e que “não pode ser tabu”. “Deve ser debatido com seriedade, e não a cada quatro anos, em uma campanha eleitoral. Para isso, você tem audiências públicas no Congresso Nacional, você tem debates com a sociedade civil, tem que ouvir todos os seguimentos, tem que ouvir as mulheres. E, a partir daí, o Congresso Nacional decidir”, afirmou a pré-candidata.

Tebet falou sobre o aborto ao ser questionada sobre temas ligados ao feminismo. A seenadora disse que não é contra as pautas feministas e que, embora possa não concordar com todas elas, defende o direito das feministas se expressarem.

A pré-candidata à presidência confirmou a informação de que seu nome foi inspirado na filósofa Simone Beauvoir, uma referência para o movimento feminista, e citou uma frase da escritora que, para ela, “representa todas as mulheres brasileiras e mundiais: a mulher não nasce mulher, ela se torna mulher”.

“Diante das dificuldades, do que nós temos que enfrentar, nós não nascemos corajosas, a coragem tem que vir por questão de sobrevivência. Nós não nascemos o que somos, o meio é que nos torna o que somos”, declarou. Para Tebet, a vida “faz todas as mulheres feministas”. “Mas, o feminismo precisa ser bem entendido. O feminismo é no sentido de querermos a igualdade”, disse.

A senadora afirmou que não é contra as bandeiras feministas e que a sociedade brasileira, “que é uma das mais conservadoras do mundo, tem que entender quem pensa diferente”. “O feminismo que eu acredito é aquele que luta pelos seus direitos compreendendo quem pensa diferente, e vice-versa”, declarou.

Em fevereiro deste ano, Simone Tebet também citou a frase de Beauvoir de que “a mulher não nasce mulher” durante uma reunião de mulheres líderes políticas, ativistas, personalidades, intelectuais e escritoras na casa da ex-senadora Marta Suplicy. Na ocasião, foi elaborada a “Carta Aberta Brasil Mulheres” que, entre outras coisas defendeu o aborto, chamado de “direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”.

Nesta reunião, cada uma das participantes apresentou sugestões para serem acrescentadas na carta final dirigida à nação e aos candidatos das eleições 2022. Tebet sugeriu que o futuro presidente “não apresente ao Congresso Nacional nenhum projeto de lei ou medida provisória que resulte em retrocesso do que se refere ao empoderamento da mulher, à igualdade de gênero e ao combate à violência” e que também “sancione todos os projetos que vêm do Congresso Nacional” relacionados a estes temas.

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