Mariana Guimarães, Roziane Guimarães e Isabela Guimarães são irmãs de sangue, mas não só isso: as três compartilham a mesma vocação e o mesmo carisma. Elas são freiras no Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho. Mas, garantem que cada uma vive a sua vocação, com seu jeito de ser.

Naturais de Virgínia (MG), as três cresceram em uma família católica de 13 filhos, dois deles morreram ainda bebês. Irmã Mariana, de 50 anos, foi a primeira a entrar para a vida religiosa, quando tinha apenas 12 anos. “Já nessa idade eu sentia esse chamado a estar mais perto de Deus”, disse à ACI Digital. Orientada por um padre de sua paróquia, conheceu as Irmãs do Bom Conselho e ingressou no instituto apenas um mês após o nascimento de Roziane, hoje com 37 anos.

Irmã Roziane foi a segunda a ingressar na congregação, em 2002. E, em 2013, foi a vez de irmã Isabela, 35 anos. “Pode ser que ter uma irmã na congregação, já saber como as coisas funcionavam, conhecer a estrutura tenha influenciado um pouco. Mas, com o tempo, percebemos que, de fato, era um chamado de Deus para aquele carisma, porque nós nos realizamos dentro dele. Se não fosse assim, talvez tivéssemos buscado outros institutos”, disse irmã Roziane.

Roziane afirmou ter “uma leve recordação” de dizer que queria ir para o convento, aos 3 anos. “E ainda nem tinha visto a irmã Mariana, porque ela só voltou em casa depois de três anos”, contou. Segundo ela, passado algum tempo, irmã Mariana visitava a família uma vez por ano e costumava lhe perguntar se queria ir para o convento, “porque sabia desse desejo”. Roziane respondia que era para esperar concluir o Ensino Médio. “Era uma forma de enrolar”, afirmou. Mas, quando ainda estava no segundo ano do Ensino Médio, começou a se questionar mais sobre sua vocação. “Já estava namorando e meu namorado era um bom rapaz, mas não despertava em mim aquele amor. Foi quando percebi qual era o meu chamado. Quando a irmã Mariana esteve em casa, em janeiro, eu fui para o convento com ela”, recordou.

Anos depois, foi a vez de irmã Isabela discernir sua vocação. “No começo eu não pensava em vir para o convento. Mas, em 2005, eu vim só para passear”, contou. Depois disso, as visitas se repetiram durante oito anos. “Eu não queria vir para cá só porque eu já tinha irmãs no convento, por isso também esse tempo de espera”, disse. “Mas, quando vim para a formatura da irmã Mariana, na hora de ir embora, passei pela capela e senti algo muito forte, diferente. Foi quando falei que queria ficar também”, lembrou.

Assim como testemunhou irmã Isabela, irmã Roziane afirmou que há um questionamento inicial se aquele passo em relação à vocação não seria apenas o desejo de ser igual à irmã mais velha. “Mas, com o tempo de vida religiosa, vemos que as intenções vão se purificando, porque vêm as provações do seu estado de vida, de sua missão”.

Atualmente, apenas irmã Mariana e irmã Isabela vivem na mesma casa da congregação, em Maricá (RJ). Mas, realizam trabalhos distintos, Mariana está como conselheira, fazendo parte do governo do instituto, e Isabela cuida das freiras idosas. Já irmã Roziane vive em Belo Horizonte (MG). “Nossa mãe nos ensinou a viver cada uma do seu jeito. Então, apesar de sermos irmãs e estarmos na mesma congregação, ninguém interfere na vida da outra”, disse irmã Mariana.

Esta não é uma realidade única no Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho. Há outros casos de irmãs de sangue na congregação. Segundo irmã Roziane, isso “nunca trouxe nenhum tipo de problema, até porque, dificilmente você vai trabalhar com sua irmã”. Além disso, afirmou irmã Mariana, a fundadora da congregação, Madre Maria Bernadete (1918-2019) “nos acolheu e soube orientar muito bem para que cada uma viva sua vocação”.

Para as três irmãs, outro fato que teve um importante papel em suas vocações foi a vida cristã em família. Irmã Mariana contou que sua mãe também tinha o desejo de ser freira quando era jovem, “mas não conseguiu porque naquela época era mais difícil”. “Recentemente, ela me contou que, quando falou para alguém que tinha vontade de ir para o convento mas não conseguiu, essa pessoa lhe passou uma oração e disse para rezar pelos filhos”. “Ela rezou e hoje tem não só uma, mas três filhas no convento”, completou irmã Roziane.

“Se eu puder dar um conselho aos pais é, primeiramente, que busquem viver como cristãos, como bons cristãos, porque não é tanto o falar, mas o viver evangeliza muito mais. Nós víamos nossos pais rezando, participando da igreja. Então, o exemplo arrasta mais do que ficar falando”, disse irmã Mariana.

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