“Desejo que sejam bons cidadãos e que sejam corajosos diante dos desafios dos tempos”, disse o papa Francisco em uma mensagem de vídeo aos católicos de Hong Kong e da China continental.

Segundo a diocese de Hong Kong, os dois vídeos foram gravados durante o encontro do papa com o bispo de Hong Kong, dom Stephen Chow Sau-yan, que aconteceu na semana passada no Vaticano.

Durante o encontro de 17 de março, dom Stephen Chow sugeriu que o papa abençoe a Igreja na China e em Hong Kong, que enfrentam graves surtos de covid.

O papa Francisco gravou os vídeos com algumas breves palavras em italiano antes de dar a bênção. A mensagem foi publicada online com legendas em chinês.

"Obrigado por seu testemunho de fé. Obrigado pelo amor do Senhor Jesus Cristo e da Santa Mãe de Deus, Nossa Senhora", disse o papa Francisco aos católicos na China.

"Vamos em frente com o Senhor. O Senhor às vezes se esconde diante dos nossos olhos, mas está sempre ao nosso lado. É preciso paciência para esperar. Estou próximo, amo muito vocês. Rezo por vocês e, por favor, não se esqueçam de rezar por mim”, disse o papa.

No início do vídeo, o papa também disse: "Estou aqui com o seu bispo. Envio-lhes a minha bênção. Desejo-lhes o melhor".

Foi a primeira vez que o papa Francisco falou diretamente aos católicos de Hong Kong desde que ele mesmo retirou de uma mensagem dominical do Ângelus em julho de 2020 uma referência à liberdade religiosa em Hong Kong.

A omissão ocorreu antes de a Santa Sé anunciar, em outubro de 2020, a decisão de renovar por dois anos o acordo provisório com a China que dá ao governo comunista o direito de decidir a nomeação dos bispos do país.

Desde que a Santa Sé assinou pela primeira vez um acordo com as autoridades chinesas em setembro de 2018, as igrejas católicas aprovadas pelo governo chinês têm enfrentado pressões das autoridades que exigem censura a partes do ensino católico e que as pregações incluam o nacionalismo chinês e a fidelidade ao Partido Comunista Chinês.

Os padres católicos na China podem exercer seu ministério legalmente apenas em locais de culto reconhecidos, onde é proibida a entrada de pessoas com menos de 18 anos.

Para a comunidade católica clandestina, a vida tem sido "muito difícil", segundo Bernardo Cervellera, padre missionário e jornalista que cobre de perto a Igreja na China há mais de duas décadas.

"Vimos alguns conventos de irmãs destruídos, igrejas fechadas. Vimos padres expulsos de suas paróquias e também alguns seminaristas que foram proibidos de estudar teologia... e também bispos presos ou em prisão domiciliar total, 24 horas do dia", disse Cervellera à CNA, agência em inglês do grupo ACI, no ano passado.

O encontro entre o papa Francisco e dom Stephen Chow é o primeiro no Vaticano desde a consagração episcopal do bispo na catedral da Imaculada Conceição de Hong Kong em dezembro.

A pandemia de covid na China

Desde fevereiro, Hong Kong enfrentou um aumento acentuado no número de infecções e mortes por Covid. Mais de 5,6 mil pessoas morreram nesta última onda da pandemia, de acordo com uma reportagem de The Washington Post de 21 de março.

A China continental também foi atingida pelo aumento de casos de coronavírus em 2022, com o governo colocando 37 milhões de pessoas em quarentena na semana passada.

"Obrigado por seu trabalho e obrigado por suportar com tanta força essa pandemia de covid que nos faz sofrer tanto", disse o papa Francisco aos católicos chineses.

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