Tema da audiência pública da Câmara Municipal de Belo Horizonte na última sexta-feira, 18 de março, o suporte a mulheres com gravidez indesejada é uma máxima entre entidades pró-vida no país. A sessão foi convocada pelas vereadoras Flávia Borja (Avante) e Professora Marli (PP).

Contando com uma equipe multidisciplinar, essas associações acolhem mulheres, oferecendo apoio a qualquer necessidade relacionada à gestação.

Zezé Luz, presidente da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família, explica como funciona seu trabalho. “Focamos na promoção e dignidade da pessoa humana. As gestantes são acolhidas e aconselhadas e a partir do sim à vida nós as encaminhamos para as equipes”, disse à ACI Digital. A equipe de voluntários é composta por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, obstetras, pediatras, cardiologistas e fonoaudiólogos. A rede diz ter evitado mais de 3 mil abortos ao longo dos últimos 18 anos

Com sede no centro do Rio de Janeiro, a Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família atua nacionalmente, com polos nas principais capitais do país. Zezé se orgulha do trabalho que realiza e explica que a motivação para começar se deu a partir de uma questão pessoal. “Fui vítima de violência sexual e passei por um aborto provocado. Sofri todas as consequências, envolvendo alcoolismo e pensamentos de morte, e hoje tenho esse trabalho com as mulheres como um ato de reparação”, compartilhou a presidente.

Segundo ela, não há um perfil típico de mulheres atendidas pela rede. “Varia entre adolescentes e mulheres com 40 e 45 anos, desde a classe C e D até classe média alta”, diz Zezé. “Há essa falácia do movimento feminista que diz que quem aborta são mulheres pobres, pretas, analfabetas, faveladas de periferias, e não é isso. Isso é uma falácia desses grupos que querem promover o aborto e utilizam sempre o mesmo argumento, mas isso não é verdade.”

Em Belo Horizonte, a ONG Apoio a Mulheres numa Gravidez Indesejada (AMGI) faz um trabalho similar. Atuando há quase 14 anos, a AMGI trabalha no acolhimento de mulheres em qualquer situação de vulnerabilidade durante a gravidez.

“O primeiro contato conosco é sempre feito através da indicação de alguém que nos conhece ou mulheres que já foram acompanhadas por nós no projeto que compartilham com outras ou mesmo pelas redes sociais”, disse à ACI Digital Katilene Silva, coordenadora do projeto. “Algumas [mulheres] inclusive chegam achando que somos uma clínica de aborto e logo descobrem que somos pró-vida.”

Um estudo feito pela pesquisadora da área de Saúde Mariana Gondim Mariutti para sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo mostrou que mais da metade das mulheres que passaram por um aborto desenvolveram algum grau de depressão e baixa autoestima. Mariutti entrevistou 120 mulheres que buscaram atendimento médico em um hospital público por causa abortamento. Do total das entrevistadas, 68 apresentaram sinais de depressão, e 119 com autoestima de nível médio ou baixo. Entre as entrevistadas, apenas 2% admitiu ter provocado o aborto. Entretanto, diz a pesquisadora, pelos menos 23% das mulheres deram relatos que indicaram terem feito o aborto provocado.

No AMGI, já foram atendidas mulheres de 13 a 43 anos. Segundo Katilene, a realidade das mulheres é que o mais influencia a decisão de abortar. “Elas rejeitam o contexto que estão vivendo, e não a criança, em si”, disse.

Parafraseando Santa Teresa de Calcutá, Zezé concluiu dizendo que sua gota no oceano é garantida a partir de cada vida que é salva, de cada sorriso no rosto de uma mulher que procura pela entidade, de cada pessoa que se sente valorizada. “Até hoje, não houve um caso sequer de arrependimento” de algupem que desistiu do aborto”, disse. “Esse é o maior prazer que a gente tem”.

Confira também: