O arcebispo de Colombo, Sri Lanka, Malcolm Ranjith cardeal Patabendige, exigiu esclarecimentos sobre os vínculos das autoridades locais com os ataques terroristas contra duas igrejas católicas e um templo evangélico, que ocorreram no domingo de Páscoa de 2019.

Em 19 de abril de 2019, domingo de Páscoa, terroristas muçulmanos atacaram duas igrejas católicas, um templo evangélico e quatro hotéis no Sri Lanka. Os ataques deixaram 269 mortos e mais de 400 feridos. O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

Numa entrevista coletiva organizada pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o cardeal Patabendige disse que o relatório da Comissão Seleta do Parlamento do Sri Lanka, criada em 2019, acusa o ex-presidente, o ex-inspetor-geral da polícia, o ex-secretário de defesa, o ex-chefe de Inteligência e outros funcionários de alto escalão por não terem impedido a realização dos ataques, uma vez que tinham informações sobre isso com antecedência.

O cardeal disse que as autoridades receberam "avisos dos serviços de inteligência da Índia, mas não fizeram nada".

"Na verdade, parece que o governo fez todo o possível para impedir a prisão dos terroristas, e há indícios de que as autoridades inclusive queriam que os atentados acontecessem”, denunciou.

Desde o início surgiram dúvidas de que os atentados terroristas tivessem sido cometidos por “um grupo de jovens desorientados, pois eram muito bem organizados e coordenados", disse o cardeal Patabendije. "As bombas, colocadas em sete lugares, explodiram em 15 minutos, exceto uma que não explodiu".

Apesar das investigações sobre o caso, muitos dos relatórios não foram divulgados publicamente, causando suspeitas entre a população cristã, minoria que representa apenas 7% da população do país majoritariamente budista.

O cardeal destacou que “há um sentimento de frustração entre as pessoas, porque temos muitas perguntas e todos os cidadãos pedem respostas”.

“Por que as autoridades judiciais não processam aqueles que são considerados responsáveis? Além disso, há alguns pontos sobre os quais o relatório do Parlamento recomenda uma investigação mais aprofundada, mas isso não está sendo feito, por quê?”.

Durante a entrevista coletiva, o cardeal contou histórias dramáticas de pessoas afetadas pelos atentados.

“Um homem que perdeu a mulher cometeu suicídio há três meses, deixando suas três filhas órfãs. Outro homem que perdeu a mulher e os três filhos e que morava com a sogra teve que deixar sua antiga casa e foi dormir no cemitério, onde sua família está enterrada", disse.

“Uma mulher que era professora de dança ficou acamada pela explosão. Ela tem um filho pequeno e mesmo assim o seu marido a abandonou, e o sofrimento que ela está passando é tremendo”, acrescentou.

“Ajudem-nos a pedir uma investigação justa para que nossas perguntas sejam respondidas pelas autoridades. Não queremos divulgar uma imagem ruim do nosso país, queremos apenas que não brinquem com a vida de pessoas inocentes por motivos políticos”, disse.

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