A Santa Sé expressou "surpresa e dor" e disse que é "incompreensível" a decisão do regime nicaraguense de expulsar do país o núncio apostólico, dom Waldemar Stanislaw Sommertag.

Neste sábado (11) a Santa Sé publicou um comunicado de imprensa depois que o governo de Daniel Ortega retirou a aprovação de dom Waldemar Stanislaw, representante do papa em Manágua desde 2018.

A Santa Sé disse que recebeu “com surpresa e dor a comunicação de que o governo da Nicarágua decidiu retirar seu consentimento” ao bispo Stanislaw, “impondo-o a deixar o país imediatamente após a notificação da medida”.

“Esta medida parece incompreensível porque, no decorrer de sua missão, Sua Excelência Dom Sommertag trabalhou com profunda dedicação pelo bem da Igreja e do povo nicaraguense, especialmente o mais vulnerável, procurando sempre fomentar boas relações entre a Sé Apostólica e as autoridades nicaragüenses”, lê-se na nota.

“A sua participação como testemunha e acompanhante da Mesa de Diálogo Nacional entre o Governo e a oposição política merece uma menção especial, tendo em vista a reconciliação nacional e a libertação dos presos políticos”, acrescenta.

“Embora esteja convencida de que esta medida unilateral grave e injustificada não reflita os sentimentos do povo profundamente cristão da Nicarágua, a Santa Sé deseja reafirmar sua total confiança no representante papal”, conclui a mensagem.

O núncio deixou o país no último domingo, 6 de março, segundo a agência AFP, depois de recorrer a uma fonte diplomática.

Em 9 de março, a Conferência Episcopal da Nicarágua emitiu um comunicado confirmando a partida do núncio apostólico em 6 de março para Roma.

Ao falar sobre o "credenciamento perante o governo da Nicarágua" de dom Stanislaw, a conferência episcopal destacou que "este assunto é de exclusiva competência bilateral da Santa Sé e do governo da Nicarágua, portanto, esta Conferência Episcopal, por deferência e respeito aos procedimentos da Santa Sé, abstém-se de se pronunciar sobre este tema”.

Dom Waldemar Stanislaw Sommertag foi nomeado núncio apostólico na Nicarágua em 15 de fevereiro de 2018, momento em que o país passava por uma grave crise social e política que mais tarde levou a massivas manifestações antigovernamentais. O governo de Daniel Ortega respondeu com repressão em várias cidades, incluindo a capital Manágua.

O núncio participou como testemunha na segunda etapa do diálogo, feita em 2019, mas não obteve resultados. As relações entre o governo e os bispos católicos estão tensas após os protestos de 2018.

Dom Waldemar nasceu em 6 de fevereiro de 1968. Foi ordenado em 30 de maio de 1993.

É doutor em Direito Canônico e entrou no Serviço Diplomático em 19 de junho de 2000. Serviu na Tanzânia, Nicarágua, Bósnia-Herzegovina e Israel.

Ele fala italiano, alemão, russo, inglês e espanhol.

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