"Não se pode restringir a educação aos aspectos cognitivos e mercadológicos. Que o processo educacional não forme apenas máquinas racionais para inserção no mercado. Isso é importante, mas não é exclusivo. É preciso alargar o horizonte para a fraternidade e a solidariedade”, disse hoje o bispo-auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, no lançamento da Campanha da Fraternidade de 2022.

“Educar é um ato eminentemente humano”, diz o texto-base da Campanha da Fraternidade que tem o tema ‘Fraternidade e Educação’ e o lema ‘Fala com sabedoria, ensina com amor’.

O papa Francisco enviou uma mensagem à CNBB para o início da Campanha da Fraternidade 2022. “Percebe-se de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral, como recordado no convite para um Pacto Educativo Global: ‘Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna’”, disse o pontífice, confiando seus votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e pedindo que todos continuem a rezar por ele.

Ao destacar os impactos causados pela pandemia na educação do país, padre Júlio César Rezende, membro da Pastoral da Educação e da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB, ressalta: “A pandemia escancarou ainda mais as desigualdades. Então, partimos daquilo que a campanha nos propõe, que é sermos solidários e fraternos em nossas comunidades, instituições de ensino...”

Segundo relatório da organização Todos Pela Educação, divulgado em dezembro do ano passado, cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola no segundo trimestre de 2021, um aumento de mais de 170% em relação a 2019. Levando em conta a evasão escolar, Rezende afirmou que a preocupação envolve ainda o monitoramento governamental. “Nosso compromisso é também acompanhar políticas públicas.”

Ele ainda destacou a “lição” deixada pela pandemia envolvendo a escola e a família. “Essa sintonia é importante. A primeira responsabilidade é da família e a escola precisa abrir espaço para que a família interaja nesse sentido”.

O padre Patriky Samuel Batista, secretário-executivo das Campanhas da CNBB, destacou o protagonismo familiar na vida de crianças e jovens. “Os pais não são os únicos educadores dos seus filhos e essa é uma tarefa irrenunciável e intransferível”, pontuou ele, mencionando, inclusive, a participação da Pastoral Familiar no processo de construção do texto-base da campanha.

Esta é a terceira vez que a educação é abordada na Campanha da Fraternidade. O tema já foi objeto de reflexão nos anos de 1982 e 1998. “É um tema recorrente e fundamental. O texto [base] deste ano não é muito longo porque o que ele quer é iniciar processos. Iniciar uma caminhada que não pode terminar na Páscoa e nem no final do ano, mas tem que estar vigilante para que o mundo não seja surpreendido por fome, por guerra, por tantas situações que nos entristecem”, explicou dom Joel.

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