O arcebispo de Colônia, Rainer Maria cardeal Woelki, apresentou pela segunda vez sua renúncia ao papa Francisco. Ele acabou de voltar de um período sabático, depois de ser confirmado no cargo pelo papa Francisco. Woelki foi alvo de denúncias sobre o modo como lidou com acusações de abusos sexuais por parte do clero de sua diocese.

A arquidiocese de Colônia anunciou a apresentação da renúncia do cardeal hoje, 2 de março, Quarta-feira de Cinzas, dia em que Woelki voltou ao posto após um período de "oração e reflexão".

Segundo a arquidiocese de Colônia, a maior e mais rica da Alemanha, o papa instruiu o arcebispo de 65 anos a retomar seu ministério, enquanto uma decisão final sobre a renúncia não for tomada.

Em janeiro de 2019, a arquidiocese encarregou a firma de advogados Westpfahl Spilker Wastl de investigar arquivos pessoais relevantes de 1975 em diante, para determinar “que deficiências pessoais, sistemáticas ou estruturais foram responsáveis, no passado, por incidentes de abuso sexual encobertos ou não punidos consistentemente”.

Advogados da arquidiocese apontaram “deficiências metodológicas” no estudo do escritório de advogados, e o cardeal Woelki pediu, então, que o jurista Björn Gercke fizesse um novo relatório.

O relatório Gercke foi publicado em março. Em 800 páginas, abrange o período entre 1975 e 2018 e examina detalhadamente 236 arquivos, com o objetivo de identificar falhas e violações da lei e seus responsáveis.

Uma visita apostólica foi ordenada pelo papa, mas não encontrou provas de que o cardeal Woelki tenha agido de forma ilegal ao tratar os casos de abusos sexuais. O cardeal Woelki, no entanto, foi acusado de cometer erros, principalmente de comunicação, que contribuíram "significativamente para uma crise de confiança na arquidiocese que perturbou muitos fiéis", segundo o relatório da visitação.

O cardeal ofereceu renunciar, mas o papa pediu, em setembro de 2021, que ele continuasse à frente da arquidiocese depois de um período de licença.

O cardeal Woelki começou seu ano sabático no final de setembro de 2021 "a pedido dele próprio".

Em uma carta pastoral de Quaresma publicada na quarta-feira, o cardeal Woelki disse: "Com certeza percebo que a situação não ficou mais fácil desde outubro do ano passado. Um tempo de espera em si mesmo não resolve nenhum problema".

Qualquer reconciliação "só poderia ser concretamente contemplada, tentada e realizada em cooperação", acrescentou o cardeal.

A Santa Sé observou que o papa e o cardeal Woelki tiveram "uma longa conversa" em setembro de 2021.

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