“O turismo religioso movimenta mais de R$ 15 bilhões no nosso país”, disse o ministro do Turismo, Gilson Machado em encontro com o arcebispo de Olinda e Recife, dom Antônio Fernando Saburido, na sexta-feira 18 de fevereiro. A conversa teve como pauta formas de o Governo Federal investir financeiramente em obras de restauração e manutenção de monumentos religiosos das duas cidades, para potencializar o turismo na região.

“Em Pernambuco, entregamos a igreja Nossa Senhora da Conceição dos Militares e estamos reformando o Seminário de Olinda e o Mosteiro de São Bento, também em Olinda”, disse Machado, sobre os locais que foram construídos nos séculos XVIII, XIX e XVII, respectivamente. “Uma das nossas prioridades é o turismo histórico, religioso e cultural, pois estes se tornam equipamentos perenes para a sociedade”.

A Igreja no Brasil tem uma pastoral do turismo desde 2014 exatamente para promoção desse setor. Recuperando-se dos impactos causados pela pandemia, o turismo religioso tem boas expectativas para este ano. “Queremos que a Pastur alcance mais dioceses, mais paróquias, mais santuários. A projeção é que tenhamos mais núcleos espalhados pelo país”, disse o padre Manoel de Oliveira Filho, coordenador Nacional da Pastoral do Turismo, à ACI Digital.

A CNBB publicou, no fim do ano passado, o livro ‘Marco Histórico e Pastoral do Turismo (Pastur)’. “Estamos muito esperançosos de que a Pastur cresça a partir desta referência sólida que é o livro,” disse padre Oliveira.

A obra apresenta a identidade, a história e a realidade da Pastoral do Turismo no Brasil. Escrita a várias mãos, ela mostra desde o perfil do agente e a espiritualidade da acolhida, até aos conceitos antropológicos e teológicos que permeiam a atuação da pastoral que “prepara, defende e acolhe” fiéis em diversas partes do país. “Ele é uma síntese de toda auto-compreensão, envolvendo a identidade, missão e metodologia da Pastur”, define o padre.

A Pastoral apoia-se em quatro eixos principais de ação: Turismo Religioso e Cultural, Turismo de Base Comunitária, Dimensão Profética e Formação de Agentes.

Turismo Religioso e cultura é o lado “óbvio e aparente” do núcleo, diz Oliveira. “Trabalhar na organização das comunidades, na montagem de roteiros, preparar as comunidades para bem acolher e também o turista para traçar seu caminho. Tem também o foco nas agências [de turismo], para que elas não apenas comercializem os roteiros, mas que possam fazer do turista um peregrino, levando essa experiência espiritual.”

O segundo eixo, Turismo de Base Comunitária, é uma metodologia de ação turística. “Não é uma criação da igreja, mas a igreja adotou porque traz muitas características que são importantes para nós. Ele envolve a articulação e empoderamento das comunidades, a geração de receita e renda para sustentabilidade e tem um viés ecológico porque não trabalha com perspectiva do turismo de multidão, predatório, mas é um turismo de experiência, de convivência, que tem muito a ver com a cultura do encontro.”

“A Dimensão Profética carrega as contradições, já que se trata de uma atividade humana”, diz o padre. “Diante de toda beleza do encontro, do descanso, da contemplação, vemos no entorno da atividade turística questões como turismo sexual, drogas, degradação ambiental, degradação do patrimônio, preconceitos culturais, entre outras coisas. Há muitos elementos que no entorno da atividade turística ferem a dignidade humana. Então a pastoral quer ser essa voz de ir contra tudo isso”, detalha o padre.

E, por fim, como toda pastoral tem agente, há a necessidade de formação e preparação, quarto e último eixo da atuação da Pastur. “É uma dimensão óbvia para a atividade de uma pastoral de igreja, mas é sempre bom salientar. Embora existam profissionais de turismo, somos também evangelizadores através de uma ação pastoral. O braço, o olhar, as mãos, a mente e o coração do Bom Pastor, junto ao variado mundo da atividade turística.”

Anualmente, a pastoral realiza encontros nacionais para tratar de assuntos voltados à construção de identidade e propagação do núcleo e, em média 200 pessoas costumam marcar presença. Desde 2014, os eventos aconteceram, respectivamente, em Brasília (DF), Aparecida do Norte (SP), Caldas Novas (GO), Castelo (ES), Belém (PA), Salvador (BA) e agora em setembro deste ano, do dia 23 ao dia 25, ocorrerá o sétimo Encontro, em Natal (RN). “O encontro será uma oportunidade para os agentes refletirem sobre a sua identidade enquanto pastoral da mobilidade, conclui o padre.

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