A nova tradução do Missal Romano em português entrará em vigor a partir de 14 de abril, Quinta-feira Santa, em Portugal. Esta é a terceira edição portuguesa do Missal Romano e traz algumas modificações no texto, como a tradução do verbo ‘benedicere’ na Oração Eucarística, que passa a ser ‘bendizer’ em vez de ‘abençoar’.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou uma nota pastoral, intitulada ‘Celebrar e viver melhor a Eucaristia’, sobre a nova tradução do Missal Romano. Nela, afirma que “a centralidade do mistério de Cristo na sua encarnação, morte e ressurreição traduz-se por ‘ritos e preces’ cuidadosamente predispostos e usados de modo respeitoso e comprometido”. Trata-se, disse, “do cumprimento do mandato de Cristo e, ao mesmo tempo, da atualização perene do mistério pascal, a partir do modelo da última Ceia”.

Por isso, “em fidelidade a este modelo”, a nova edição do Missal “introduz uma mudança pequena, mas muito significativa no coração palpitante da Oração Eucarística, a Narração da Instituição”: a tradução do verbo ‘benedicere’ como ‘bendizer’ e não mais ‘abençoar’.

Segundo a nota pastoral, “na Ceia em que nos deixou o memorial do seu sacrifício redentor, Jesus não abençoou nem benzeu o pão ou o cálice, mas dirigiu ao Pai uma oração a bendizê-l’O: bendisse-O”. A CEP disse que “isso mesmo continuamos a evocar em oração ao Pai na prece central e culminante com que obedecemos ao mandato do Senhor Jesus de celebrar o seu memorial como Ele o instituiu: ‘O Senhor tomou o pão… e dando graças Vos bendisse… tomou este sagrado cálice…, dando graças Vos bendisse…’”.

A CEP destacou em sua nota pastoral que esta nova edição do Missal Romano “para as celebrações da Missa em língua portuguesa deve ser considerada ‘típica’ para a Igreja peregrina em Portugal”. Esta nova edição do Missal foi aprovada pela Conferência Episcopal em 14 de novembro de 2019 e validada pelo papa Francisco em 8 de janeiro de 2021. Também recebeu o decreto da confirmatio e recognitio da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé em 13 de outubro de 2021.

Segundo a Conferência Episcopal, “os novos textos do Missal Romano em língua portuguesa são oferecidos ao Povo de Deus num tempo de aprofundamento da reforma litúrgica que brotou do Concílio Vaticano II”. A reforma litúrgica, afirmou, “quer ser uma renovação na linha de uma tradição sempre viva, que consinta um desenvolvimento orgânico”. E neste percurso, “os livros litúrgicos são o primeiro e o essencial instrumento para a digna celebração dos mistérios” e “o fundamento mais sólido para uma eficaz catequese litúrgica”. “Isto é verdade para cada livro litúrgico, mas muito mais para o Missal que, juntamente com os outros livros em uso na celebração eucarística, está ao serviço do mistério que constitui a fonte e o cume de toda a vida cristã”.

Para a CEP, “é urgente uma pastoral litúrgica alicerçada numa mistagogia que acompanhe a comunidade cristã até ao centro do mistério pascal de Cristo, para que a celebração da Eucaristia, de modo especial ao Domingo, seja nobre na sua simplicidade, séria e bela”.

“A celebração dos mistérios é, em si mesma, iniciação aos mistérios, isto é, a Liturgia inicia no mistério, celebrando o próprio mistério, e, ao celebrá-lo, revela o próprio mistério e dá-o a conhecer”, afirmou a nota pastoral.

Nesse sentido, citou como “exemplo desta mistagogia da oração cristã” a retomada “da tradicional conclusão plena da oração coleta: ‘Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos”. Nas demais orações, “introduz-se a cláusula mais breve, tornando-as mais fluentes: ‘Por Cristo, nosso Senhor’”.

A nova edição do Missal também dispõe “de maior variedade nas saudações, no ato penitencial, no convite à oração sobre as oblatas, na introdução ao Pai nosso, nas fórmulas de despedida da assembleia no final da celebração”. Segundo a CEP, tudo isso “deve quebrar rotinas”, pois “a novidade deve introduzir variedade e sentido de adaptação, em ordem a uma prece mais viva”.

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