O prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard cardeal Müller, deu uma resposta contundente àqueles que pedem que a Igreja Católica seja receptiva ao homossexualismo, incluindo alguns padres que exigem que pessoas em uniões homossexuais recebam o sacramento do matrimônio.

Em entrevista a Alejandro Bermúdez no programa Cara a Cara da rede de televisão católica EWTN, o cardeal Müller disse que as "especulações" de que a Igreja Católica poderia abençoar uniões homossexuais ou celebrar o sacramento do matrimônio para eles "não têm nenhum fundamento na Revelação".

“É um pensamento humano, mas não está de acordo com a Palavra de Deus”, disse.

Segundo Müller, “Deus criou o homem, não esses sacerdotes que pensam como o mundo de hoje, segundo esta antropologia materialista, que distinguem a sexualidade, o prazer sexual, da responsabilidade de procriar filhos e filhas”.

“Há muitos que se distanciaram totalmente da fé católica. Apresentam-se como se fossem padres, mas não são fiéis", advertiu na entrevista que será transmitida na semana que vem.

O cardeal Gerhard Müller, de 74 anos, nasceu na Alemanha e é o curador da obra completa de Joseph Ratzinger, hoje papa emérito Bento XVI. Quando foi nomeado bispo por são João Paulo II em 2002, escolheu Dominus Iesus como lema episcopal, que significa "Jesus é o Senhor".

Bento XVI o nomeou prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 2012. O papa Francisco o confirmou nesse cargo, no qual permaneceu até 2017.

O papa Francisco o nomeou cardeal da Igreja Católica em 2014.

Em sua entrevista no programa Cara a Cara, o cardeal Müller lamentou que alguns padres, que pedem à Igreja que administre os sacramentos às uniões homossexuais, "falem de compaixão", pois esta "vem de Deus".

O cardeal disse que a verdadeira “boa” vida para os homens ocorre “quando vivemos segundo os mandamentos de Deus”. Caso contrário, ele advertiu, “podemos cair em pecado”.

Respondendo sobre os boatos de que o papa Francisco removeu dom Giacomo Morandi de seu cargo de secretário da Congregação para a Doutrina da Fé para nomeá-lo bispo de Reggio Emilia-Guastalla, Itália, como castigou por seu papel de protagonista na nota que reiterava a rejeição da Igreja Católica às bênçãos para uniões homossexuais, em março de 2021, o cardeal Müller disse que "o Santo Padre não falou comigo sobre esse assunto e, portanto, não sei suas razões".

“Não sei nada sobre essas especulações. Pode ser, pode não ser", disse.

No entanto, o cardeal disse que sobre as uniões homossexuais "a doutrina da Igreja é absolutamente clara" e "tem seu fundamento na antropologia revelada no Antigo e no Novo Testamento, na criação e também na instituição do matrimônio como sacramento, matrimônio constituído por um só homem e uma só mulher”.

"Para Cristo, não podemos ser mais 'gay friendly' ou não 'gay friendly'", disse ele.

O cardeal destacou que os católicos “têm todo o respeito por essas pessoas que têm essas tendências”.

"Não sabemos exatamente de onde vêm essas tendências, mas a sexualidade tem seu lugar único, lugar real, moral, sacramental, dentro do matrimônio de um homem e uma mulher."

“O Catecismo da Igreja Católica explica claramente a doutrina da Igreja”, disse.

Müller destacou que a doutrina da Igreja Católica tem o seu fundamento “na Palavra de Deus”, na “Revelação que se faz finalmente em Jesus Cristo”.

Sobre o argumento de que a doutrina do matrimônio se baseia em uma doutrina antiquada e medieval, o cardeal respondeu que também aqueles teólogos medievais, como são Tomás de Aquino, inspiraram-se na Revelação.

"Não podemos mudar de acordo com ideologias", disse. O cardeal disse que a ideologia do gênero “não é uma ciência” e destacou que aqueles que a promovem “mudam de gênero de acordo com seus prazeres. E isso não é uma ciência”.

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Müller lembrou que “até o racismo e a escravidão no passado foram justificados pela ciência. O comunismo disse que estava baseado na ciência".

Diante disso, aconselhou, seria necessário diferenciar o que é "ciência empírica ou (o que) é uma ideologia".

O prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé destacou que este dicastério da Santa Sé é o “mais importante, porque a tarefa primordial e fundamental do papa não é dar entrevistas, mas preservar a doutrina revelada, a fé revelada”.

“E esta é a tarefa da Congregação para a Doutrina da Fé: ajudar o papa nesta missão universal para toda a Igreja Católica, porque a doutrina da Igreja não é definida pelo papa, por este ou por outro papa, ou pelos bispos. A doutrina da Igreja tem seu fundamento na Revelação escatológica em Jesus Cristo”, reiterou.

Ao contrário de "um partido político", que muda "seus programas de acordo com os eleitores", os católicos "têm que ser fiéis à Revelação, à Palavra de Deus".

“E temos esta antropologia: Deus criou o homem, varão e mulher, e esta é a base antropológica da doutrina da Igreja sobre o matrimônio”, concluiu.

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