O papa emérito Bento XVI pediu desculpas por ter dito erroneamente que não participou de uma reunião em 1980, quando era arcebispo de Munique e Freising.

Em um comunicado publicado no semanário católico alemão Die Tagepost hoje, 24 de janeiro, o papa aposentado de 94 anos disse que foi um erro de edição.

Um relatório de mais de mil páginas sobre abuso sexual do clero na arquidiocese de Munique e Freising, publicado em 20 de janeiro, acusou Bento XVI de falhar em quatro casos durante seu mandato como arcebispo de 1977 a 1982.

Bento XVI, que nega veementemente as alegações de encobrimento, enviou 82 páginas de declaarações aos investigadores responsáveis pelo relatório.

Um dos quatro casos está relacionado ao padre Peter Hullermann, acusado de abusar de pelo menos 23 meninos de oito a 16 anos entre 1973 e 1996.

A atenção se concentrou em uma reunião ordinária em 1980, na qual foi discutida a transferência do padre da Diocese de Essen para a arquidiocese de Munique exatamente por causa dos abusos.

Gänswein observou em sua declaração ao Die Tagespost que na reunião com o padre, que admitiu ter abusado sexualmente de crianças, ficou acertado que ele teria acomodação em Munique enquanto fazia terapia.

Bento XVI disse inicialmente aos investigadores que não estava presente nessa reunião e 15 de janeiro de 1980.

Mas no comunicado, o arcebispo Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI, disse que o papa emérito “agora gostaria de deixar claro que, ao contrário do que foi dito durante a audiência, ele participou da reunião ordinária de 15 de janeiro, 1980.”

“A afirmação em contrário era, portanto, objetivamente incorreta”, disse Gänswein.

“Ele gostaria de enfatizar que isso não foi feito por má fé, mas foi resultado de um erro na edição de sua declaração. Ele explicará como isso aconteceu. Ele sente muito por este erro e pede que este erro seja desculpado”.

“Objetivamente correto, no entanto, e documentado pelos arquivos, é a afirmação de que nenhuma decisão foi tomada nesta reunião sobre uma atribuição pastoral do padre em questão”, disse ele. “Pelo contrário, apenas o pedido de acomodação durante seu tratamento terapêutico em Munique foi concedido.”

Hullermann foi mais tarde autorizado a servir sem restrições em uma paróquia de Munique. Em 2010, o ex-vigário geral monsenhor Gerhard Gruber assumiu “total responsabilidade” por essa decisão.

O cardeal Joseph Ratzinger, o futuro Bento XVI, já estava, então no cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé.Em 2005 foi eleito papa e renunicou em 2013.

O relatório de Munique cobriu não apenas o período em Ratzinger liderou a arquidiocese, mas também os mandatos do cardeal Friedrich Wetter, que o sucedeu, e do cardeal Reinhard Marx, que atua como arcebispo de Munique e Freising desde 2007.

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