O arcebispo alemão, Georg Gänswein, secretário pessoal de Bento XVI, fez uma declaração depois da publicação do relatório sobre abusos sexuais na arquidiocese de Munique e Freising que menciona o papa emérito, que serviu como arcebispo desta arquidioce entre 1977 e 1982.

“Bento XVI até a tarde de hoje não teve conhecimento do relatório do Escritório de advogados Westpfahl-Spilker-Wastl, que tem mais de mil páginas. Nos próximos dias, ele examinará o texto com a atenção necessária”, disse o arcebispo alemão aos jornalistas.

“O papa emérito, como já repetiu várias vezes durante os anos do seu pontificado, exprime a sua perturbação e vergonha perante os abusos de menores cometidos por clérigos, e expressa a sua proximidade pessoal e a sua oração por todas as vítimas, algumas das quais ele encontrou por ocasião das suas viagens apostólicas”, explicou dom Gänswein.

Nesta quinta-feira, 20 de janeiro, a arquidiocese de Munique e Freising publicou um relatório sobre os abusos sexuais que contém investigação de uma possível má conduta de Joseph Ratzinger, hoje papa emérito Bento XVI, e do arcebispo atual, Reinhard cardeal Marx, que não esteve na apresentação apesar de ter sido convidado para participar nela.

O estudo critica Joseph Ratzinger por como lidou com quatro casos quando liderava a arquidiocese. A mídia havia destacado apenas um deles, o do padre Peter Hullermann, identificado como padre H.

Bento XVI, que nega enfaticamente as acusações de acobertamento, enviou um documento de 82 páginas, com suas observações, aos investigadores que fizeram o relatório.

Westpfahl Spilker Wastl, o escritório de advogados que preparou o relatório, apresentou as conclusões de seu documento de mais de mil páginas em uma coletiva de imprensa virtual em 20 de janeiro, segundo a CNA Deutsch, agência do grupo ACI em alemão.

O nome oficial do documento é "Relatório sobre abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis ​​por clérigos, assim como funcionários da arquidiocese de Munique e Freising, de 1945 a 2019".

O relatório inclui o período de 1977 a 1982, os anos em que o então cardeal Joseph Ratzinger, futuro Bento XVI, liderou a arquidiocese; bem como os períodos do cardeal Friedrich Wetter, que o substituiu; e o cardeal Reinhard Marx, que atua como arcebispo de Munique e Freising desde 2007.

Além de criticar Bento XVI por lidar com quatro casos, os investigadores dizem que o cardeal Wetter tratou mal 21 casos e o cardeal Marx outros dois.

O advogado Martin Pusch, um dos autores do relatório, disse que "em um total de quatro casos, concluímos que o então arcebispo, cardeal Ratzinger, pode ser acusado de má conduta".

O jurista disse que em dois casos, os clérigos cometeram abusos quando o cardeal Ratzinger era o arcebispo. Mesmo sendo condenados por tribunais civis, continuaram a trabalhar no cuidado pastoral sem serem processados ​​sob o direito canônico, acrescentou.

No terceiro caso, um padre acusado por um tribunal estrangeiro serviu na arquidiocese de Munique. Posch sugeriu que o cardeal Ratzinger sabia da história do padre.

O diretor da sala de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, disse sobre o relatório que "a Santa Sé acredita que deve dar a devida atenção ao documento, cujo conteúdo desconhece no momento".

“Nos próximos dias, após sua publicação, tomará conhecimento dele e será capaz de examinar seus detalhes apropriadamente”, acrescentou.

“A Santa Sé reitera sua vergonha e remorso pelos abusos de menores cometidos por clérigos e assegura a todas as vítimas sua proximidade e reafirma o caminho percorrido para proteger os mais jovens e garantir-lhes um ambiente seguro”, concluiu.

As acusações contra o agora papa emérito Bento XVI por supostamente acobertar um caso de abusos na arquidiocese de Munique e Freising ressurgiram no início deste mês, mais de 10 anos depois que a Santa Sé as rejeitou.

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