Por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o papa Francisco pediu aos fiéis que contribuam com orações, obras de caridade e trabalhando juntos, enquanto os teólogos cumprem com o seu trabalho de estudar e debater.

O papa falava à Delegação Ecumênica da Finlândia, que está em Roma por causa da sua peregrinação anual para celebrar a festa de São Henrique, padroeiro do país.

Em seu discurso, o papa Francisco disse que os cristãos costumam se perguntar: quando a unidade será possível? Um grande teólogo ortodoxo especializado em escatologia disse: 'A unidade será no schaton’. Mas o caminho para a unidade é importante”.

“É muito bom que os teólogos estudem, discutam... Isso é muito bom. Eles são os especialistas para isso. Mas também é bom que nós, povo fiel de Deus, caminhemos juntos no caminho. Juntos. E façamos a unidade com a oração, com as obras de caridade, com o trabalho juntos”, disse o papa Francisco.

Durante o encontro, o papa saudou o bispo Keskitalo, o bispo emérito Teemu Sippo e representantes do povo Sami, uma etnia que não chega a 90 mil pessoas e que se encontra na Finlândia, Noruega, Suécia e alguns na Rússia. Ele também pediu para transmitir suas saudações ao metropolita ortodoxo Arseni de Kuopio e Carélia, que não comparecerá a Roma.

No seu discurso, Francisco destacou que este ano o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foi retirado do Evangelho de Mateus: "Vimos sua estrela no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem", que se refere à longa viagem a Belém empreendida pelos Magos para adorar o Menino Jesus.

“Os Magos chegam à meta porque a procuraram. Mas eles a buscam porque o Senhor por primeiro, com o sinal da estrela, tinha partido em busca deles. Encontram porque procuram, e procuram porque foram procurados”, explicou.

“É bonito entender a vida assim, como um caminho de busca, que não parte de nós, mas daquele que primeiro começou a nos buscar e nos atrair com sua graça. Tudo provém da graça de Deus que nos atrai. E nossa resposta só pode ser semelhante à dos Reis Magos: uma caminhada juntos”, disse o papa Francisco.

Sobre a tão esperada unidade dos cristãos, o papa disse que “há etapas da caminhada que são mais fáceis e onde somos chamados a proceder rápida e diligentemente. Penso, por exemplo, em muitos caminhos de caridade que, ao aproximar-nos do Senhor, presente nos pobres e necessitados, nos unem entre nós”.

“Algumas vezes, no entanto, o caminho é mais difícil e, diante de objetivos que ainda parecem distantes e difíceis de alcançar, o cansaço pode aumentar e a tentação do desânimo pode vir à tona. Neste caso, lembremo-nos de que estamos a caminho não como possuidores, mas como buscadores de Deus. Por isso devemos avançar com humilde paciência e sempre juntos, para nos apoiarmos, porque esse é o desejo de Cristo”, encorajou.

Francisco lembrou que em 2025 se celebrará os 1,7 mil anos do Concílio de Nicéia. "A confissão trinitária e cristológica deste Concílio, que reconhece Jesus como ‘Deus verdadeiro de Deus verdadeiro’, ‘consubstancial ao Pai’, nos une a todos os batizados. Em vista deste grande aniversário, preparemo-nos com renovado entusiasmo para caminhar juntos no caminho de Cristo, no caminho que é Cristo! Porque é dele, da sua novidade, da sua alegria incomparável que precisamos”, afirmou.

Da mesma forma, 2030 marcará o 500º aniversário da Confissão de Augsburgo. “Em uma época em que os cristãos estavam prestes a seguir seus caminhos separados, essa confissão procurou preservar a unidade. Sabemos que não foi possível impedir a divisão, mas o aniversário pode ser uma ocasião fecunda para nos confirmar e fortalecer no caminho da comunhão, para nos tornar mais dóceis à vontade de Deus e menos à lógica humana, mais dispostos a colocar metas terrestres à frente do caminho indicado pelo Céu", disse o papa.

Francisco, que convidou ao final da audiência a rezar juntos um Pai-Nosso, destacou que “só se estivermos perto de Cristo percorreremos plenamente o caminho da unidade total. E é sempre a Ele a quem, mesmo inconscientemente, procuram os povos de todos os tempos e, portanto, também os de hoje”.

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