Zambézia, foi assassinado no dia 15 de Dezembro, num dos mais recentes ataques da responsabilidade dos terroristas na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

Matias Buscam ia para a machamba, terreno usado para a agricultura, na companhia da mulher e dos filhos, quando foi surpreendido pelos “insurgentes”, como os terroristas muçulmanos são chamados na região, e assassinado de “forma cruel”.

Uma fonte da Igreja Católica, que pediu para não ser identificada, confirmou o ataque à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que o catequista teria sido “abordado por um grupo não especificado de insurgentes” que o “degolaram”.

“Informações recolhidas junto de populares, indicam que depois de degolarem o senhor Matias, os insurgentes obrigaram a sua esposa a carregar a cabeça do marido até à aldeia para a apresentar às autoridades com uma suposta mensagem: ‘nós ainda estamos (aqui)’”, disse a mesma fonte.

Segundo ACN, os habitantes da região “ficaram muito chocadas com este acontecimento”, e há “muita tristeza e preocupação no seio das populações que, depois de vários meses de relativa calma, tinham começado a voltar, encorajadas também pelas mensagens de tranquilidade emitidas pelo governo e pela presença das tropas” do Ruanda e de outros países da África.

Ao mesmo tempo que se conhece esse ataque, a imprensa informa a morte de um militar sul-africano em um ataque dos milicianos islâmicos na segunda-feira, dia 20 de Dezembro, ao posto administrativo situado na aldeia de Chai, também no distrito de Macomia.

Segundo a imprensa da África do Sul, hauve também baixas entre soldados moçambicanos que integravam a unidade, alvo de “uma emboscada”. Segundo Andries Mahapa, porta-voz das Forças Armadas da África do Sul, “os militares conseguiram resistir à emboscada, mas quando esperavam por um helicóptero, foram novamente atacados pelos insurgentes”.

Além desses ataques na província de Cabo Delgado, há notícias da presença de terroristas muçulmanos em Niassa. Em 28 de Novembro ocorreu um ataque na aldeia de Naulala, no distrito de Mecula, nesta província, e no início de Dezembro o alvo foi Lichengue, onde várias casas foram incendiadas.

A onda de violência preocupa os responsáveis da Igreja Católica moçambicana. Na semana passada, dom António Juliasse, administrador apostólico da diocese de Pemba, em uma videoconferência realizada por várias organizações não-governamentais portuguesas, falou sobre “o alastramento dos ataques à província de Niassa”, e disse que, desta forma, “a situação fica muito complicada”. Dom Juliasse disse que “o mesmo quadro” de violência se aplica à província de Cabo Delgado. Para o bispo, “a insegurança ainda é grande apesar da presença de militares estrangeiros” na região.

Desde que os ataques armados tiveram início, em Outubro de 2017, já morreram mais de três mil pessoas. Como consequência direta da violência, há cerca de 800 mil deslocados internos.

Essa situação tornou Moçambique num país prioritário para a ACN especialmente em projetos de assistência pastoral e apoio psicossocial, fornecimento de materiais para a construção de casas, centros comunitários e aquisição de veículos para os missionários que trabalham junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da guerra.

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