O papa Francisco recebeu ontem em audiência uma delegação da “Rede Nacional de Leigas e Leigos do Chile”. A sala de imprensa da Santa Sé só informou a realização do encontro sem detalhes sobre como foi o encontro.

A Rede Nacional de Leigas e Leigos do Chile nasceu em maio de 2018, no contexto da grave crise de abusos sexuais na Igreja, que fez com que todos os bispos chilenos colocassem seus cargos à disposição do papa Francisco.

Na carta de fundação, a organização diz: “nunca mais aceitaremos abusos de qualquer espécie”.

Afirmando que 2018 era “um ano chave para recuperar o espírito da Igreja libertadora latino-americana”, o documento diz: “Comemoramos 50 anos da Conferência do episcopado latino-americano de Medellín, além de recordar os 40 anos do Simpósio da Igreja Chilena pelos Direitos Humanos e celebrar a canonização de são Romero de América”.

Em nota compartilhada na página do Facebook da rede informa-se que a viagem foi mantida em segredo “por temor a que algumas personalidades no Chile fizessem gestões para impedi-la”.

A nota não diz a quais “personalidades do Chile” se refere, nem quais seriam as razões que poderiam ter para “impedir” o encontro.

Segundo a nota, a delegação era formada por: Mirna Pino, leiga da Rede Laical Companhia de Maria; Mario González, leigo do Ramo Secular dos SS.CC; Roberto Sánchez, porta-voz dos leigos de Santiago; Claudia Artigas, leiga paroquial da Zona Oeste de Santiago, María Angélica Urra, leiga paroquial e coordenadora da Rede de Leigos de Iquique, e Marcos Ruiz, leigo paroquial e coordenador da Rede de Leigos de Puerto Montt.

No encontro de uma hora, segundo o texto, “leigos e leigas expressaram sua preocupação com a lentidão do processo de renovação da Conferência Episcopal do Chile, a falta de escuta das vítimas e a limitada participação das mulheres nas decisões, entre outros temas”.

“Pedimos apoio para que no Chile comece um processo parecido ao da França e de outros países em temas de abusos, formação para o amadurecimento do laicato e participação nos processos de nomeação dos bispos com cheiro de ovelha”, disse Marcos Ruiz.

Em 14 de novembro, por ocasião das eleições presidenciais, a "Rede Nacional de Leigas e Leigos do Chile" publicou uma nota pedindo a renúncia do bispo de São Bernardo, dom Juan Ignacio González Errázuriz, "membro ativo do Opus Dei ”.

“Denunciamos a atitude anti-sinodal e anti-colégio de dom Juan González” por ter feito “um comunicado com conotações de intervenção eleitoral, no qual a única coisa que deixou de dizer foi o nome do candidato ultradireita pelo qual os católicos e católicas deveriam votar”, diz o texto.

No primeiro turno, o candidato José Antonio Kast, católico pai de nove filhos e fundador do Partido Republicano ficou em primeiro lugar e vai para o segundo turno com Gabriel Boric, do Partido da Convergência Social, de esquerda, que promove publicamente o aborto.

Em 28 de setembro, Boric publicou um tuíte no qual afirmava que “o aborto no Chile é uma realidade que atravessa barreiras econômicas e sociais, portanto o Estado deve garantir a entrega de condições ótimas para toda mulher que decida pôr fim a sua gravidez, porque a maternidade será desejada ou não será. Continuamos até que seja lei”.

Em sua declaração de 14 de novembro e depois de considerar a mensagem de dom González como um "abuso de consciência e poder", a Rede Nacional de Leigas e Leigos do Chile exigiu que o bispo também renuncie ao Comitê Permanente do Episcopado.

Em sua mensagem, o bispo incentivou os católicos a votarem nos candidatos que respeitam e promovem princípios inegociáveis, como o direito à vida, a defesa da família e a liberdade dos pais na educação dos filhos.

“Um católico não pode dar seu voto a candidatos cuja ideologia ou programa viole os princípios mencionados. Cada pessoa deve fazer seu discernimento pessoal, auxiliada pela luz do Espírito Santo e pelos ensinamentos da Igreja e também pela opinião de especialistas”, destacou em sua mensagem o bispo chileno sem mencionar nenhum dos candidatos.

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