Dois ataques de radicais muçulmanos entre o final de novembro e o início de dezembro lançaram “alarme entre a população” do norte de Moçambique, segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). Os terroristas incendiaram casas e sequestraram jovens.

No último fim de semana de novembro, os terroristas atacaram a aldeia de Naulala, província de Niassa. Segundo ACN, cerca de cem pessoas foram sequestradas e casas foram saqueadas e incendiadas. Na sexta-feira, 3 de dezembro, o ataque foi à aldeia de Nova Zambézia, distrito de Macomia, Cabo Delgado.  Cerca de 15 casas foram queimadas, mas não houve registro de vítimas.

Segundo a fundação pontifícia “há o receio, cada vez mais insistente, de que os chamados insurgentes ou ‘al-shabaab’, como os grupos terroristas são conhecidos localmente”, estejam se implantando na província de Niassa.

Moçambique tem vivido sob ataques de radicais muçulmanos que reivindicam ligação com o Estado Islâmico. Desde o início dos ataques em outubro de 2017, estima-se que os atentados já deixaram mais de 3 mil mortos e 800 mil deslocados, segundo ACN.Uma das regiões mais atingidas é Cabo Delgado. Uma operação militar contra os radicais muçulmanos envolve as Forças de Segurança e Defesa de Moçambique, militares de Ruanda e de países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Cabo Delgado.

Segundo ACN, o ataque em Naulala, no final de novembro, “veio reforçar os receios de que os terroristas estarão agora espalhados por uma vasta área em consequência da operação militar em curso em Cabo Delgado”.

Manuel Nota, diretor da Cáritas de Pemba, capital de Cabo Delgado, contou à ACN que um ataque aconteceu na zona de Meluco, em setembro, e que isso já era um indicador de que os grupos armados continuavam ativos. “Os terroristas estão em debandada, como dizem, e já não têm nenhuma base, mas andam pelas matas em pequenos grupos… Há grupos que já incendiaram [casas] e houve mortos”, afirmou.

Nota não conseguiu identificar a aldeia visada pelos terroristas no ataque de setembro, mas disse que acompanhou toda a situação. “Queimaram uma aldeia na zona de Macomia, pois eu passei lá quando ia para Meluco e a aldeia estava toda queimada. Esse ataque foi a 24 de setembro”, relatou, durante visita de uma delegação da ACN à Cáritas de Pemba, em novembro.

A fundação pontifícia afirmou que outro atentado aconteceu em 13 de novembro, segundo relato do padre brasileiro Edegard Silva, atualmente na paróquia de Nossa Senhora do Carmo, em Mieze. O missionário saletino disse que as informações foram enviadas por “dois missionários que estão na região norte” de Moçambique. “São dois relatos muito tristes que demonstram que os insurgentes estão aí, que os terroristas estão aí. São relatos muito concretos”, afirmou.

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