O arcebispo de Paris, dom Michel Aupetit, renunciou ao cargo em carta enviada ao papa Francisco que deveria ter ficado secreta até que o papa respondesse se aceitava ou não a renúncia. O motivo seria uma relação amorosa do bispo com uma mulher em 2012 revelada pela imprensa. Dom Aupetit nega qualquer irregularidade em sua ligação com a mulher.

Dom Michel Aupetit, 70 anos, arcebispo de Paris desde dezembro de 2017, disse ter entregado seu cargo "nas mãos do santo padre porque foi ele quem lhe deu". Ele disse ter evittado a palavra “demissão”, mas o resultado pode ser o mesmo. Aupetit se reuniu na semana passada em Roma com o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação dos Bispos.

Segundo o jornal francês Le Figaro, na segunda-feira 22 de novembro Aupetit teria anunciado ao seu conselho episcopal que pretendia renunciar. A carta dirigida ao papa Francisco chegou a Roma ontem, 25 de novembro.

Uma reportagem revelando um antigo relacionamento de Aupetit com uma mulher que remonta a 2012, pouco antes de sua nomeação como bispo auxiliar de Paris, foi publicada no site da revista Le Point no último 22 de novembro e na edição impressa de ontem. O arcebispo negou publicamente que seu relacionamento com a mulher fosse sexual ou romântico.

A revista diz que Aupetit, que era popular entre os fiés, não era uma unanimidade entre o clero de Paris. A revista diz ter ouvido padres, teólogos, professores e responsáveis diocesanos. Entre as atitudes de Aupetit criticadas por essas fontes estão o fechamento de uma paróquia que acolhia homossexuais, divorciados casados de novo e católicos progressistas e teve as atividades ligadas a esses grupos fechadas em fevereiro deste ano.

Segundo Le Point, Aupetit desagradou ao interferir no Collège des Bernardins, centro de diálogo com a sociedade e as outras religiões. “Os bernardinos não são suficientemente católicos”, disse uma vez o arcebispo.

Michel Aupetit é médico e sua vocação é tardia. Ele só foi ordenado padre aos 44 anos. Era bispo de Nanterre antes de substituir o cardeal André Vingt-Trois como arcebispo de Paris.

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