Seis membros dos Salesianos de Dom Bosco presos pelas forças do governo em Adis Abeba, capital da Etiópia, foram libertados. A prisão ocorreu no dia 5 de novembro. A Etiópia vem sendo devastada pelo confronto cada vez mais sangrento entre as forças governamentais e o grupo separatista da Frente Popular pela Libertação de Tigrê.

Uma fonte que pediu para não ser identificada disse à ACI Africa, agência para a África do grupo ACI, que salesianos foram libertados, mas um deles foi preso novamente a caminho de uma das comunidades salesianas para buscar seus documentos.

“Eles foram libertados após várias intervenções, incluindo da embaixada italiana em Addis Abeba e o núncio apostólico na Etiópia”, disse a fonte.

Não é uma liberdade total, disse ainda a fonte, e explicou: “foram instruídos a não abandonar as instalações salesianas; eles estão em prisão domiciliar”.

“Cada um deles foi obrigado a pagar 10 mil moedas etíopes (aproximadamente US$ 209)”, revelou a fonte, acrescentando que dois outros salesianos permaneceram sob custódia policial quando os sete foram libertados condicionalmente e confinados em suas casas.

Os dois salesianos não foram libertados junto com outros provavelmente porque "estavam naquela região (Tigrê) quando a guerra começou", disse a fonte referindo-se aos acontecimentos de 4 de novembro de 2020, quando o governo da Etiópia liderado pelo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva militar contra os separatistas da região de Tigrê. A ofensiva militar foi em resposta ao suposto ataque à maior base militar da Etiópia, localizada na capital Tigrê, Mekelle, por forças leais ao governo da região.

Em entrevista à ACI Africa em 10 de novembro, um salesiano etíope descreveu a operação de 5 de novembro como “prisões em massa de tigrés em Addis Abeba”, durante a qual “a polícia invadiu dois locais de Dom Bosco, um deles duas vezes”.

“A polícia prendeu 38 pessoas, principalmente tigrés; eles foram levados para um local desconhecido”, disse o padre Dory Amene Yohannes à ACI Africa, em 10 de novembro, referindo-se às prisões ocorridas nas áreas de Gottera e Mekanisa, em Adis Abeba.

O padre acrescentou que 11 salesianos estavam entre os presos pela polícia durante a operação de 5 de novembro.

Dois membros da SDB, padre Ignacio Lavencture e padre Chrys Saldanha, foram libertados alguns dias depois.

“Ambos foram libertados porque são missionários estrangeiros; foi depois da intervenção de suas respectivas embaixadas”, disse padre Dory, referindo-se ao padre Ignacio e ao padre Chrys, procedentes do Uruguai e da Índia, respectivamente.

Em entrevista de 18 de novembro para a ACI Africa, a fonte que falou sob condição de anonimato disse que os salesianos da casa provincial de Addis Abeba foram advertidos para que não recebessem ninguém.

“Além de estarem em prisão domiciliar, os Salesianos de Dom Bosco Gottera não podem receber ninguém em suas instalações. Ninguém está autorizado a entrar na residência da casa provincial dos salesianos de Adis Abeba”, disse a fonte, acrescentando que quem infringir a ordem “é detido e levado à prisão”.

“Um dos padres libertados, padre Johannes Menigistu, ia à casa provincial salesiana de Gottera na segunda-feira (15 de novembro) para recolher os seus documentos pessoais, quando foi novamente detido”, disse a fonte referindo-se ao padre salesiano etíope encarregado do projeto Crianças Dom Bosco de Addis Abeba, que foi preso por violar a ordem de prisão domiciliar.

Na entrevista, a fonte pediu o diálogo para acabar com o conflito violento de um ano na Etiópia e disse: "Meu conselho é vir e dialogar pacificamente para encerrar o conflito".

“Exorto a comunidade internacional a apoiar o povo de Tigrê e salvar suas vidas”, disse ele, explicando que, “por enquanto, tudo na região de Tigrê está bloqueado. A comunidade internacional deve pressionar o primeiro-ministro para abrir a região à ajuda humanitária".

“Pessoas morrem por falta de comida, por falta de remédios”, acrescentou a fonte, destacando a necessidade de que a comunidade internacional “pressione o primeiro-ministro da Etiópia para permitir o acesso humanitário à região de Tigrê”.

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