O papa Francisco pediu ter uma "esperança responsável" para rejeitar a "tentação de soluções fáceis" diante das consequências causadas pela pandemia da Covid-19.

Em mensagem aos participantes do IV Fórum de Paris sobre a Paz, que acontece de 11 a 13 de novembro, Francisco pediu "que não sigam o caminho cômodo de retornar a uma 'normalidade' marcada pela injustiça".

“Diante das consequências da grande tempestade que abalou o mundo, nossa consciência nos chama, portanto, a uma esperança responsável, ou seja, a não seguir o cômodo caminho de retornar a uma 'normalidade' marcada pela injustiça, mas a aceitar o desafio de assumir a crise como uma oportunidade concreta de conversão, de transformação, de repensar nosso modo de vida e nossos sistemas econômicos e sociais”, escreveu o papa.

Além disso, Francisco disse que “a esperança responsável permite-nos rejeitar a tentação das soluções fáceis e dá-nos a coragem de avançar no caminho do bem comum, de cuidar dos pobres e da casa comum”.

Para o papa, "a pandemia foi uma revelação para todos nós sobre as limitações e deficiências de nossas sociedades e estilos de vida", e acrescentou que "no entanto, em meio a esta dura realidade, precisamos esperar, porque esperança é um gerador de energia, que estimula a inteligência e dá à vontade todo o seu dinamismo”.

“A esperança nos convida a sonhar grande e a abrir espaço para a imaginação de novas possibilidades. A esperança é audaz e incentiva a ação com base na certeza de que a realidade pode mudar”, afirmou o papa. “A minha esperança é que a tradição cristã, particularmente a doutrina social da Igreja, assim como outras tradições religiosas, possam ajudar a dar-lhe a esperança confiável de que a injustiça e a violência não são inevitáveis, não são nosso destino”.

O papa disse aos participantes do IV Fórum de Paris sobre a Paz que esta iniciativa pode "contribuir e promover a paz, o bom governo e um futuro melhor para todos e que ajude a sair melhores da pandemia da Covid-19".

Segundo Francisco, “não pode haver cooperação geradora de paz sem um compromisso coletivo concreto de desarmamento integral”.

“As despesas militares em todo o mundo já ultrapassaram o nível registrado no final da guerra fria e estão aumentando sistematicamente a cada ano. Com efeito, as classes dirigentes e os governos justificam este rearmamento referindo-se a uma ideia abusiva de dissuasão baseada em um equilíbrio de armamentos”, lamentou o papa.

Ele citou as palavras de são João XXIII na encíclica Pacem in Terris para destacar que “o critério de paz baseado no equilíbrio dos armamentos seja substituído pelo princípio de que a verdadeira paz só pode ser construída através da confiança mútua”.

“Não desperdicemos esta oportunidade de melhorar nosso mundo, de adotar com decisão caminhos mais justos para progredir e construir a paz” e gerar “modelos econômicos que atendam às necessidades de todos, preservando os dons da natureza, bem como políticas futuras que promovam o desenvolvimento integral da família humana”, pediu o papa.

Confira também: