O Círio de Nazaré, em Belém (PA), aconteceu no domingo, 10 de outubro, com programação adaptada e sem a tradicional procissão, por causa das restrições sanitárias impostas pelas autoridades devido à pandemia de covid-19. Mesmo assim, ao menos 400 mil fiéis foram às ruas da cidade celebrar a Rainha da Amazônia, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup).

A Segup informou que a estimativa de 400 mil pessoas é preliminar. O número de fiéis ainda deverá ser consolidado, pois falta contabilizar o corredor que a imagem na berlinda percorreria, totalizando um percurso de três quilômetros.

Logo pela manhã, foi celebrada a missa na catedral, presidida pelo bispo auxiliar de Belém, dom Antônio de Assis Ribeiro. O arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira, que se recupera de uma cirurgia para correção da hérnia na região lombar, participou da celebração e proferiu a homilia. O arcebispo agradeceu a tantas pessoas que, ao realizar as suas procissões e demonstrações de fé, ajudam a entender que “o Círio é do povo, o Círio é feito pelo próprio povo”. “Também para nós ajudarmos as autoridades, que nos colocaram muitos limites à celebração deste Círio, ajudar essas autoridades a entender a importância deste evento, um evento religioso e corresponde exatamente às raízes da nossa vida em Belém e no Pará”, afirmou.

Ao final da celebração, segundo a programação oficial, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré deveria ser levada de carro ao píer da Casa das Onze Janelas para seguir em viagem de helicóptero. Antes, porém, dom Alberto Taveira levou a imagem para perto dos fiéis que estavam próximos à Catedral. Em seguida, a imagem, conduzida pelo padre barnabita e pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, padre Francisco Cavalcante, fez um sobrevoo por Belém. O trajeto passou por alguns hospitais da cidade e também fez o percurso tradicional do Círio entre a Catedral e a Basílica de Nazaré

Nos hospitais pelos quais sobrevoou, a imagem era aguardada por pacientes. Manoel Padilha, internado no Hospital Ophir Loyola e que passou por uma cirurgia no estômago devido ao câncer, se mostrou emocionado. “A gente não pode ver a verdadeira mãe que está no céu, então a imagem representa Maria. Nas últimas palavras, Jesus disse 'Eis aí tua mãe ', deu a Ela essa responsabilidade de cuidar da gente, somos filhos. Isso tinha que acontecer aqui no hospital”, disse ao site da Segup, ao pegar pétalas lançadas da aeronave. “A fé nela representa tudo, inclusive a boa recuperação do meu pai. Todos os anos eu via a passagem dela pelas ruas e pegar essas pétalas é como se ela estivesse perto. Eu não pude ir até ela, então ela veio até mim”, afirmou o filho de Manoel, Marcos Padilha.

Para o responsável por conduzir a aeronave, coronel Ricardo Freitas, foi uma “grande satisfação” realizar este sobrevoo. “Para todos nós é muito representativo e único”, disse ao site da Segup. O copiloto, tenente coronel Paulo César, que também realizou o sobrevoo com a imagem em 2020, disse que “é sempre uma grata bênção que a gente recebe da Virgem Santa por estar nesse momento servindo a sociedade que pede por esta festa”.

Esquadrilha da Fumaça escreve 'Círio de Nazaré' no céu de Belém (PA). Foto: Ícaro Farias - Ascom Basílica Santuário de Nazaré

Antes das 12h, a imagem desembarcou no estacionamento da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré e foi conduzida na berlinda pelo reitor da Basílica, padre Francisco Maria Cavalcante, integrantes da diretoria da Festa de Nazaré e o governador do Pará, Helder Barbalho, à Praça Santuário de Nazaré. Atendendo ao pedido dos devotos e quebrando o protocolo, a imagem da padroeira foi conduzida à Travessa 14 de Março e à Avenida Generalíssimo Deodoro, onde muitos fiéis desejavam um encontro com Nossa Senhora de Nazaré. Em seguida, deu-se início à missa solene de encerramento do Círio de Nazaré, presida pelo bispo auxiliar de Belém, dom Antônio de Assis Ribeiro.

Outra novidade do Círio deste ano foi a participação da Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira (FAB). As aeronaves prestaram uma homenagem à Nossa Senhora, escrevendo nos céus ‘Círio de Nazaré’.

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