A Santa Sé pediu aos países que reduzam suas despesas militares diante da pandemia de coronavírus e que dediquem esse orçamento a “responder às necessidades humanitárias e às exigências de nossa casa comum”.

O secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher, se pronunciou na ONU nesta quarta-feira, 29, um discurso que promoveu a jornada internacional para a eliminação total das armas nucleares.

Dom Gallagher pediu aos países que possuem armas nucleares que escutem “o pedido da humanidade de eliminar as armas nucleares” e que assumam o compromisso de “libertar o mundo da ameaça da guerra nuclear”.

O enviado da Santa Sé à ONU agradeceu aos 122 Estados que adotaram o Tratado de Proibição de Armas Nucleares e encorajou os Estados que ainda não assinaram o tratado a se unirem aos países que já o fizeram.

Dom Gallagher, no entanto, foi realista e expôs os dois fatores principais que, em sua opinião, perpetuam o status quo nuclear.

Em primeiro lugar, “a política da dissuasão que impulsiona os armamentos e gera um ambiente tecnológico desumanizante que mantém e piora a desconfiança entre nações”.

O segundo fator é “o gasto exorbitante por parte de alguns Estados para a produção e o desenvolvimento de arsenais nucleares que são uma fonte crescente de desigualdade, tanto no interior do país como entre as nações”.

“Diante de uma pandemia mundial de duração incerta e efeitos cada vez mais graves”, continuou dom Gallagher, “de mudança climática global, os Estados devem reduzir o orçamento militar em favor de uma resposta às necessidades humanitárias e das exigências de nossa casa comum”.

A esse respeito, dom Gallagher renovou o pedido da Santa Sé aos governos, formulado tanto na encíclica Populorum progressio, de Paulo VI, como na Fratelli tutti, de Francisco, para que destinem “o dinheiro que se gasta nas armas e em outros gastos militares à constituição de um fundo mundial para eliminar a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres”.

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