Dom Joseph Obanyi, bispo de Kakamega, Quênia, pediu “energicamente” aos sacerdotes e líderes religiosos que não se aproximem dos políticos em busca de recursos nem lhes permitam fazer discursos na casa de Deus.

Em 15 de setembro, o bispo publicou uma carta sobre o lugar dos políticos na Igreja em vista das eleições gerais de agosto de 2022. “Desaconselha-se enfaticamente os sacerdotes e líderes da Igreja que confiem nos políticos e solicitem desnecessariamente fundos para a realização dos seus projetos, porque isso compromete sua credibilidade moral para falar contra os males sociais”, afirmou o prelado.

Dom Obanyi lembrou que os políticos podem contribuir “através das vias regulares, pois também são membros da Igreja”, e chamou o clero a encorajar os fiéis a “abraçar a independência como o caminho da Igreja”.

Além disso, pediu aos párocos, religiosos, catequistas, líderes de grupos devocionais “e todos os que possam ter alguma responsabilidade na Igreja” que, caso os políticos queiram fazer doações à Igreja, comuniquem isso ao pároco com antecipação, para que elas sejam feitas dentro dos procedimentos regulares da paróquia.

“Considere que durante a pandemia da covid-19, ainda em andamento, não são permitidas reuniões envolvendo políticos”, acrescentou o bispo.

Ele recordou como a Igreja e o povo de Deus sofreram durante a pandemia com o fechamento dos lugares de culto na parte ocidental do país, onde fica a diocese de Kakamega.

“Todos sabem que, de meados de junho até o final de julho de 2021, nossas igrejas e, de fato, todos os locais de culto na região ocidental foram fechados repentinamente, diante dos crescentes casos de covid-19 nesta região. Na verdade, foi um momento difícil para todos nós”, disse ele.

Dom Obanyi advertiu os líderes religiosos que, após a reabertura das igrejas, começaram a ignorar os protocolos de segurança sanitária para permitir discursos políticos nos encontros religiosos. Segundo ele, isso causou uma má imagem da Igreja.

Com a proximidade das eleições, muitos “políticos estão frequentando igrejas e funerais, e depois lhes estão dando a oportunidade de discursar para os paroquianos e promover suas afiliações e ambições políticas. Isso está criando um péssimo precedente e dando uma péssima imagem da Igreja”, afirmou ele.

“A casa de Deus é um lugar onde ouvimos Jesus Cristo, fonte de toda verdade e caminho de salvação. Não há outra palavra que não seja a Palavra de Deus, não há outra verdade senão Jesus Cristo. Só a Ele devemos dar toda a honra e glória devidas”, disse ele.

O bispo afirmou que os políticos e líderes políticos não terão permissão para fazer discursos deste tipo nas igrejas, santuários ou em qualquer lugar dentro das instalações paroquiais.

Além disso, lembrou aos políticos que se vão às missas e serviços que “devem seguir todos os procedimentos seguidos por todos. Eles não devem ter preferência sobre os demais. O pároco, ou qualquer outro líder da Igreja designado, só pode reconhecer sua presença com muito respeito sem pedir-lhes que digam algo” aos assistentes.

Finalmente, ele incentivou os candidatos que frequentam as missas a aproveitar a oportunidade para rezar em silêncio sobre seus projetos políticos.

“Encoraja-se qualquer político, aspirante ou líder político que assista a missa ou qualquer serviço em nossas igrejas a aproveitar essa oportunidade para rezar mais por suas intenções e enfocar sua mente em Deus, que é o líder por excelência. Não precisa dizer nada. Deus compreende suas intenções genuínas”, concluiu o prelado.

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