Por causa da sentença da Suprema Corte de Justiça da Nação (SCJN) que abre as portas à descriminalização do aborto, o arcebispo primaz do México, cardeal Carlos Aguiar Retes, afirmou que atentar “contra a vida, é atentar contra Deus”. Em mensagem difundida neste 9 de setembro, o cardeal Aguiar Retes disse que, “para a Igreja Católica, o ser humano é criado por Deus desde o seio materno, e por isso, sustentamos que a vida é sagrada”.

No dia 7 de setembro, a Suprema Corte mexicana considerou inconstitucionais artigos da lei do Estado de Coahuila que preveem penas para as mulheres que abortem voluntariamente e para profissionais de saúde que as ajudem.

O arcebispo do México afirmou que “a instrução ´Donum vitae` da Congregação para a Doutrina da Fé ensina que o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde o instante de sua concepção”. “Por isso, a partir deste momento deve-se reconhecer o direito inviolável à vida, de todo ser humano, e muito especialmente de quem não pode se defender”, disse dom Aguiar Retes.

O cardeal recordou que, “desde 1948, a Organização das Nações Unidas estabeleceu vários direitos universais. Um deles é o direito à vida. Esses direitos são chamados de universais porque afetam toda a humanidade e, portanto, são prioritários”.

“Os direitos das mulheres, pelo contrário, são setoriais, pois são apenas de uma parte da sociedade. O universal, como lembrou o papa Francisco, é maior do que o setorial, e portanto os direitos da mulher não podem ir contra os direitos universais. É um princípio lógico”, explicou.

Para o cardeal Aguiar Retes, a sentença da Suprema Corte “está facilitando a falsa saída, quando a mulher se encontra com uma gravidez inesperada e indesejada em situações de pressão de diferentes formas”.

O arcebispo do México afirmou que “alguns estudos elaborados por organizações da Igreja que tratam da conhecida síndrome pós-aborto, assim como de sacerdotes que brindam o sacramento da reconciliação, testemunhamos que cerca de 85% das mulheres que realizam essa prática apresentam graves sequelas na sua saúde física, emocional, moral, psicológica e espiritual”.

“São sequelas difíceis de superar e que, inclusive, muitas vezes permanecem para o resto de suas vidas”, advertiu o cardeal.

Diante desse drama, disse dom Carlos Aguiar, “a Igreja Católica, consciente deste drama, condena o machismo cultural, que deixa a mulher sozinha com uma gravidez não desejada”.

“Por isso, a comunidade católica oferece ajuda às mulheres, antes, durante e depois de dar à luz, através de organizações dirigidas por leigos comprometidos, que fazem um esforço heroico para salvar a vida do bebê e da mãe. Porque ambas as vidas têm o mesmo valor e dignidade”.

Para o cardeal, depois da sentença da Suprema Corte, “como Igreja, agora enfrentamos um grande desafio”.

Esse desafio, afirmou, “deve levar a todos, bispos, sacerdotes, religiosas e leigos, a somar esforços para estender a mão a todas aquelas mulheres grávidas em situação de vulnerabilidade”.

“De agora em diante, devemos intensificar o acompanhamento e a assistência à mulher que sofre este drama”, disse ele.

Após a sentença sobre o Código Penal de Coahuila, desde 9 de setembro a Suprema Corte de Justiça discute uma ação de inconstitucionalidade Coahuila sobre a "blindagem" do direito à vida desde a concepção na Constituição do estado de Sinoaloa. Nos próximos dias a Suprema Corte debaterá e decidirá sobre uma ação de inconstitucionalidade que busca limitar o direito à objeção de consciência dos profissionais da saúde, obrigando-os a participar em abortos.

Através da plataforma CitizenGO, mais de 60 mil pessoas já assinaram em uma campanha manifestando sua rejeição ao aborto e às disposições da Suprema Corte.

Cerca de 30 mil pessoas assinaram em uma campanha semelhante na plataforma Actívate.

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