O ex-cardeal Theodore McCarrick compareceu pela primeira vez em um tribunal de Massachusetts, nos Estados Unidos, e declarou-se “inocente” na sexta-feira dia 3 de setembro das acusações de agressão sexual feitas contra ele.

McCarrick enfrenta três acusações do que seria o equivalente a atentado violento ao pudor na legislação brasileira e abuso contra uma pessoa com mais de 14 anos, crimes que teriam ocorrido na década de 70. Cada crime pode acarretar pena máxima de cinco anos de prisão.

Depois de ter sido um bispo do alto e influente escalão nos Estados Unidos e com um currículo internacional destacado, McCarrick renunciou ao Colégio de Cardeais depois que as acusações de abuso sexual de um adolescente apareceram em junho de 2018. Em fevereiro de 2019, foi expulso do estado clerical pelo papa Francisco, depois de uma investigação canônica que o declarou culpado de “solicitação no sacramento da confissão e pecados contra o sexto mandamento com menores e adultos, com o fator agravante de abuso de poder”.

“A mensagem de moralidade enviada em qualquer ação judicial por um clérigo corajoso, vítima ou sobrevivente de abuso sexual, não deve ser perdida na Igreja Católica”, disse Mitchell Garabedian, advogado da suposta vítima de McCarrick, em um comunicado publicado na sexta-feira, 3 de setembro.  “Hoje a história está sendo feita. História que não se esquecerá”.

Segundos documentos do tribunal, McCarrick é acusado de uma série de agressões sexuais que teriam ocorrido no dia 8 de junho de 1974, nas instalações do Wellesley College, durante a recepção do casamento do irmão da suposta vítima, que na época tinha 16 anos.

Ainda não se sabe onde McCarrick ficará até sua próxima ida à corte. A denúncia penal localizou McCarrick em Dittmer, no estado de Missouri, na sede do Vianney Renewal Center (Centro de Renovação de Vianney). Segundo a sua página oficial na internet, o centro é “um ambiente seguro e de apoio para a reabilitação e reconciliação de sacerdotes e irmãos religiosos”. Está sob a responsabilidade da congregação Servos do Paráclito, que há muito tempo se dedica ao tratamento de sacerdotes e religiosos.

O dia 3 de setembro ficou marcado pela primeira ida do ex-prelado a um tribunal penal desde que, há três anos, surgiram as primeiras acusações de conduta sexual inapropriada de longa data.

Em junho de 2018, McCarrick foi expulso do estado clerical após a denúncia de abuso sexual de um menor em 1974. Sua renúncia ao Colégio de Cardeais, em 28 de julho de 2018, foi a primeira a ser feita devido a acusações de abuso. Logo apareceram outras denúncias, em série, de abuso sexual de menores, seminaristas e sacerdotes. Revelou-se que várias dioceses haviam recebido pagamentos para fazer acordos com homens abusados por McCarrick.

Em 2018, o papa Francisco condenou McCarrick a uma vida de oração e penitência, enquanto aguardava o resultado de um processo canônico. O processo terminou em 16 de fevereiro de 2019 e McCarrick foi declarado culpado.

Posteriormente, foi expulso do estado clerical.

McCarrick foi ordenado sacerdote em 1958 e tornou-se bispo auxiliar da arquidiocese de Nova York em 1997. Desde 1981, foi bispo da recém-criada diocese de Metuchen, em Nova Jersey, e depois arcebispo de Newark, em 1986, ficando lá por 15 anos. Foi criado cardeal em 2001, poucos meses depois de assumir a arquidiocese de Washington. McCarrick se retirou da atividade ministerial em 2006, aos 75 anos.

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