A Associação Summorum Pontificum Costa Rica, que há oito anos promove a celebração da missa tradicional em latim, lamentou que, com o motu proprio Traditionis custodes do papa Francisco, “os justos pagam pelos pecadores”. Tratidionis custodes publicado pelo papa em 16 de julho último, revoga o motu próprio Summorum pontificum com o qual o papa emérito Bento XVI havia liberado a todos os sacerdotes o direito de rezar a missa segundo o rito anterior à Reforma do Concílio Vaticano II. Agora, é o bispo local quem tem a responsabilidade de autorizar ou não o uso do missa tradicional.

A Conferência Episcopal da Costa Rica foi uma das que respondeu com maior dureza contra a missa tradicional após a publicação do Traditionis custodes. Em comunicado divulgado três dias depois da publicação do motu proprio os bispos costa-riquenhos determinaram que “doravante não se autoriza o uso do Missale Romanum de 1962 nem de nenhuma outra das expressões da liturgia anterior a 1970”. Além disso, afirmaram que “nenhum presbítero tem mais autorização para continuar celebrando segundo a liturgia antiga”.

Entrevistado pela ACI Prensa, José Pablo Arias, presidente da Associação Summorum Pontificum Costa Rica, disse que “na realidade, o motu proprio afeta aqueles grupos que se comportaram bem, que sempre buscaram a comunhão e a harmonia na celebração da missa tradicional”, também conhecida como missa tridentina.

“Aqueles grupos que não o fizeram não foram afetados pelo motu proprio, porque eles vão continuar celebrando, vão continuar criticando o papa, vão continuar criticando o Concílio Vaticano II”, disse.

“A maioria deles está fora da comunidade visível da Igreja. Na verdade, como dizemos na América Latina, os justos pagam pelos pecadores”, acrescentou.

“De alguma forma estamos sendo tratados como católicos de segunda categoria somente pelo nosso gosto e nosso amor à liturgia que deu sustento para a Igreja por tantos anos e deu tanto santos”, disse Arias.

O motu proprio, com o objetivo de regular a possibilidade de que os sacerdotes celebrem a missa na forma extraordinária, ou seja, com o missal anterior ao de 1970.

O presidente da Associação Summorum Pontificum Costa Rica destacou que, em seus oito anos de existência, sempre trabalharam “em plena harmonia e comunhão com as autoridades eclesiásticas”. “Sempre tivemos reuniões, comunicações diretas com os bispos, onde lhes contamos nosso trabalho e lhes expusemos nosso carisma particular”, disse. “Nós nunca colocamos em dúvida a autoridade do Concílio Vaticano II, nunca o colocamos em questão, nem mesmo a validade e legitimidade da nova missa, absolutamente”.

Atualmente, a Associação Summorum Pontificum Costa Rica está presente na diocese de Alajuela, pastoreada por dom Bartolomeu Buigues Oller.

Os bispos da Costa Rica disseram também que “nunca tivemos um grupo de fiéis que tenha aderido e que continuem aderindo com muito amor e afeto às formas litúrgicas anteriores”.

O presidente da Associação Summorum Pontificum disse que o grupo recebeu o comunicado dos bispos costa-riquenhos “com muita dor”, pois “sempre buscamos a atenção pastoral dos nossos bispos”.

“Sempre procuramos agir em comunhão absoluta, plena e irrenunciável com nossas autoridades eclesiásticas”, disse. Para José Paulo Arias, os bispos costa-riquenhos foram inclusive “além do que o Traditionis custodes pede”.

Arias disse que o grupo recorreu ao núncio apostólico na Costa Rica, dom Bruno Musaró, “como uma forma de intermediação”, para buscar “um modo de diálogo harmonioso” com dom Bartolomé Buigues Oller.

Até o momento, lamentou, dom Buigues Oller “nos fechou a porta totalmente”, mas confiam que através do núncio possa haver uma nova oportunidade de diálogo nas “próximas semanas”.

O presidente da Associação Summorum Pontificum Costa Rica reconheceu que, “sem dúvida”, existem grupos com “uma posição radical”, que “se escudam na missa tradicional para criticar o papa ou para criticar o Concílio Vaticano II”. Para ele, “quando existem este tipo de grupos, o correto seria tentar corrigir particular e especificamente a eles e não fechar a possibilidade da celebração de uma missa tradicional, o que somente vai afetar aqueles grupos que têm sido obedientes”.

Ele ressaltou que os grupos que se mantiveram em desobediência ao papa e ao Concílio Vaticano II “vão continuar celebrando a missa tradicional, porque não lhes interessa ter uma comunhão visível com a Igreja”.

Arias também disse que seu amor pela missa tradicional não é pela vontade de experimentar “uma moda ou algo excêntrico”.

“Eu a conheci desde um ponto de vista espiritual e intelectual. Conheci profundamente cada um de seus ritos e suas orações. E encontrei a profundidade de uma riqueza teológica que me ajudou a aproximar-me de Deus”, expressou.

Participar nesta liturgia, continuou, “ajudou-me a encontrar o Mistério de Cristo no sacrifício eucarístico de forma profunda e plena”.

Confira também:

Mais em