Na Espanha, dez pessoas por dia se suicidam. “Prestemos atenção para esse problema de primeira ordem, apostando pela vida”, disse dom Juan Carlos Elizalde, bispo de Vitoria, na Espanha. “São muitos, jovens e adultos, que decidem pôr fim à sua existência. Não o façam. A vida merece ser vivida. Diante da escuridão, Cristo é a Luz”, disse o bispo durante a celebração das solenes vésperas em homenagem à Virgem Branca, padroeira de Vitoria-Gasteiz, capital da comunidade autônoma do País Basco, no norte da Espanha.

O bispo, que celebrou a missa junto às autoridades na catedral de Maria Imaculada, com capacidade para 160 pessoas, convocou “todos, instituições públicas, empresas, colégios, família e Igreja unidos e necessários para ajudar a quem há de saber que há um plano de Deus para ele e há um novo começo”.

“Peço que prestemos atenção para esse problema de primeira ordem [o suicídio], apostando pela vida, desde o primeiro instante da sua concepção até o seu final natural, paliando a dor, cuidando também do cuidador e velando sempre pela dignidade de todos”, continuou.

Em média, segundo dados oficiais, cada dia na Espanha “mais de 10 pessoas morrem por suicídio (mais do dobro de vítimas que por acidentes de trânsito) e muitas mais sofrem as suas consequências. Na Europa, o suicídio é um dos maiores problemas de saúde pública. Estima-se que a taxa seja de aproximadamente 13,9 por 100.000 habitantes por ano”.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos cerca de 800 mil pessoas se suicidam em todo o mundo e há muito mais pessoas que tentam suicidar-se.

Dom Elizalde também se referiu a uma das principais causas do suicídio na Espanha: o bullying.

“O bullying, que causa profunda dor, é um mal que devemos erradicar de escolas e centros de trabalho. Não temos o direito de arruinar a vida de ninguém. O bullying escolar causa sérios problemas, alguns até acabando com a própria vida do jovem. São muitos, jovens e adultos, que decidem pôr fim à sua existência”, afirmou.

Em outro momento de sua homilia, dom Elizalde lembrou dos milhões de cristãos que são perseguidos por causa de sua fé, que “dão testemunho da Verdade”, lembrando que aqui, em nossa terra, “também há quem pretenda eliminar a presença milenar da nossa fé”.

O bispo deu como exemplo a situação da Cruz de Olarizu, a derrubada das cruzes de vários picos do Vale de Ayala, o vandalismo contra templos ou os ataques infundados diretos contra a Igreja.

“Não é nada de novo, mas quero alertar para a crescente intolerância à fé em Cristo em nossa sociedade”, disse.

Além disso, o bispo advertiu sobre o quão nociva é uma formação escolar que descarta a educação religiosa, “como parece querer esta nova lei educativa nesta linha secularizadora”.

O bispo fez referência à nova lei educativa da Espanha (vigente desde janeiro de 2021), conhecida como Lei Celaá, que limita a disciplina de religião.

Para ele, a eliminação da livre escolha da disciplina de religião dentro do currículo educativo é como “um ataque contra a própria cultura, contra a compreensão do mundo e contra a liberdade”. Ele lamentou que, embora “nos indignemos quando os direitos são atropelados”, não atuamos da mesma forma “quando esses direitos estão relacionados com o transcendente, com a fé de uma grande maioria de pessoas e contra o conhecimento de Jesus e tudo o que está relacionado a ele”.

No início da sua homilia, dom Elizalde lembrou que “este ano a Virgem Branca é celebrada sem multidões, sem faroletes nem oferendas de “blusas e neskas”, mas centrando-nos no fundamental e no motivo da festa, a Virgem Branca, Maria, a mãe de Jesus”.

Na homilia, o prelado falou sobre Maria como exemplo de mulher alegre e confiante no futuro, como adolescente, e até mesmo como pobre e necessitada de fugir da perseguição.

A Virgem Maria, “na sua juventude, decide ser corajosa e generosa, confiar no plano de Deus desde a alegria, apesar de todas as dificuldades, porque Deus está sempre conosco e, para Ele, nada é impossível”, continuou.

Em outro momento, denunciou a crescente violência juvenil, as agressões ideológicas e as abordagens políticas que confrontam os cidadãos.

Pediu aos jovens que “pensem além de uma noite ou um verão” para conter os contágios da covid-19 e convidou o conjunto da sociedade a “ser responsáveis e prudentes para evitar mais restrições à nossa liberdade”.

Diante da crise econômica, o bispo de Vitoria pediu que as empresas, que geram grandes benefícios, “pensem em pessoas, em projetos de vida e não só em números” e que “reinvistam na sociedade”, ainda mais com “tantas pessoas passando necessidade”.

A celebração terminou na porta da capela da Virgem Branca, frente à entrada lateral do templo, com o canto da Salve Rainha e o convite para que a Virgem Branca fosse visitada em seu templo.

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