O Arcebispo de Munique e Freising, cardeal Reinhard Marx, disse que “não descarta” renunciar novamente ao cargo “pelo bem da Igreja” em carta lida aos fiéis depois da missa do domingo 25 de julho nas igrejas da arquidiocese. Marx, já tinha escrito uma carta de renúncia enviada ao papa Francisco em 21 de maio deste ano. No último dia 4 de junho o papa recusoua a renúncia.

 Em sua nova declaração Marx diz ver seu papel de bispo "como um mandato para o povo desta arquidiocese e como um serviço à unidade da Igreja” e que "não pode mais desempenhar esse serviço”. Em sua primeira tentativa de renúncia, Marx declarou que a Igreja na Alemanha havia chegado a um "ponto morto”, e que esperava que sua renúncia fosse dar um novo impulso no combate aos abusos sexuais.

Agora, o arcebispo escreveu: "Estou chocado que algo tão terrível tenha acontecido entre funcionários e funcionárias da Igreja e que nós, bispos, nem sempre tenhamos visto ou desejado examinar estes casos com intensidade suficiente". “Após ter consultado os comitês diocesanos e também a comissão de processamento e o conselho consultivo, acredito que seja hora de tomar uma decisão pelo bem da Igreja e renunciar ao ofício novamente”, disse o Cardeal alemão.

O arcebispo alemão disse que a rejeição do papa Francisco ao seu primeiro pedido de renúncia o surpreendeu. “Porém, para mim, a questão não está resolvida”, disse.

Após a tentativa de renúncia, o cardeal foi acusado de "falsa humildade" e por querer isentar-se da responsabilidade sobre os casos de abuso. O porta-voz das vítimas em Munique, Peter Bringmann-Henselder, disse à mídia local: "Antes de mais nada, é preciso perguntar se o [Cardeal Marx] resolve os problemas com a sua demissão? Provavelmente não, ele se isenta da responsabilidade".

O cardeal também foi criticado pelo ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Gerhard Ludwig Müller. Em uma entrevista à revista "Focus" em junho deste ano, Muller diz "que a decisão foi tomada em um ambiente de teatro onde povo de Deus se converteu em uma plateia" que deveria aplaudir ou gritar "Buu". "Isso contradiz o sentido de um ofício espiritual para a salvação do povo”, disse o cardeal Müller.

No início de julho, o criminologista Christian Pfeiffer fez duras críticas ao arcebispo Marx em entrevista à agência de notícias alemã Germany-in 24.

Pfeiffer acusou o líder da Igreja Católica de Munique de proibir o acesso dos investigadores a informação nos computadores da arquidiocese. Pfeiffer e sua equipe concordaram em realizar uma grande investigação a casos de abuso em Munique em 2011, mas pouco menos de um ano depois ele decidiu interromper as investigações alegando que a diocese não ofereceu as condições para um processo transparente.

Com sua renúncia, Marx transmite a ideia de ser "um reformador e um lutador pela transparência", disse Pfeiffer. “No entanto -acrescentou o criminologista- Marx não diz que atropelou a transparência, que foi o campeão da falta de transparência”.

Segundo vaticanistas consultados por CNA Deustche, agência em alemão do grupo ACI, não está claro se desta vez o papa Francisco aceitaria a renúncia de Marx.

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