A Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização de direitos humanos sediada no Reino Unido, condenou os ataques e sequestros na Nigéria e pediu às autoridades do país uma atuação rápida para resgatar os sequestrados. O reverendo Yunusa Nmadu, diretor executivo da CSW, declarou-se particularmente perplexo pelo fato de que as autoridades nigerianas não considerarem a intervenção nos sequestros uma questão urgente.

Nmadu pediu às autoridades a elaboração e promulgação de estratégias de segurança eficazes e abrangentes, que possam “deter os sequestros e ataques a pessoas que simplesmente estão tentando levar a vida da melhor maneira possível”.

Um relatório da CSW diz que o estado de Kaduna sofreu cinco ataques a escolas até o momento, nos quais 204 estudantes foram sequestrados e 5 morreram.

O caso mais recente é o do sequestro de 135 estudantes da Bethel Baptist High School, em 5 de julho. Apesar de que 28 alunos já foram resgatados, 107 permanecem em cativeiro.

A CSW informou que, em 8 de julho, os sequestradores pediram 10 sacos de arroz importado, 20 sacos de arroz local, 20 sacos de feijão, 10 barris de óleo de palma, 10 caixas de tempero Maggi e dois sacos de sal, “para assegurar que as crianças não morram de fome”. Quando o vice-diretor da escola lhes informou que, dentro do prazo estipulado, tinha conseguido juntar apenas nove sacos de arroz, um saco de feijão, duas caixas de Maggi, dois barris de óleo de palma e um saco de sal, ele foi insultado e a comunicação foi cortada. “Os sequestradores pediram e depois rejeitaram a comida, porque era insuficiente. Isso significa que não eles têm medo de ser interceptados com facilidade”, afirmou a CSW.

A organização de direitos humanos informou que os moradores de Sabon Tasha, um distrito de Kaduna, bloquearam as estradas que permitem o ingresso e a saída da região, no dia 8 de julho, em protesto após 15 pessoas terem sido sequestradas na localidade.

O padre Nmadu também contou que homens armados atacaram a zona de Ungwan Gimbiya, em Sabon Tasha, por volta das 23h, hora local, no dia 7 de julho. Eles quebraram as cercas, danificaram as paredes e forçaram as portas para sequestrar os moradores.

Naquela mesma noite, 6 pessoas foram libertadas devido ao seu estado de saúde e os sequestradores exigiram 180 milhões de nairas (mais de 2 milhões de reais) pelos reféns que ainda estão em seu poder.

A CSW frisou que a extensão dos sequestros a este distrito predominantemente cristão dentro da metrópole de Kaduna significa uma fragilização da segurança no estado, que é atualmente um epicentro de sequestros e vandalismo. Viajar de carro até Kaduna é extremamente perigoso devido ao aumento dos sequestros.

A organização também informou sobre um ataque em julho contra a aldeia de Warkan, em Kaduna, no qual nove pessoas morreram e um número não detalhado de pessoas foi ferido por agressores, supostamente do grupo extremista Fulani.

A CSW disse estar preocupada pela retirada dos agentes de segurança devido à superioridade das armas dos agressores em alguns ataques no norte da Nigéria.

“Esta situação é uma ameaça existencial para a Nigéria e põe em risco a estabilidade de toda a região”, disse Nmadu.

O funcionário da CSW instou as autoridades do país, “tanto estaduais como federais, a se equiparem e enviarem as forças de segurança para resgatar os sequestrados de maneira oportuna”, “proteger as comunidades vulneráveis e restaurar a ordem”.

“Pedimos também à comunidade internacional que ofereça toda a assistência técnica necessária, com urgência, a fim de deter esta crise antes que seja tarde demais”, concluiu.

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