A Antiga Igreja de São José é um dos lugares mais emblemáticos da Filadélfia, no Estado americano da Pennsylvania, não só por ter contribuído com a presença da Igreja Católica nos Estados Unidos, mas também por ser há três séculos um lugar de conforto espiritual e apoio para imigrantes.

Em entrevista para o jornal National Catholic Register, Joseph Pronechen, escritor católico e autor do livro Fruits of Fatima: Century of Signs and Wonders (Os Frutos de Fátima: Um século de Sinais e Maravilhas), disse que o templo histórico de São José, na Filadélfia, foi fundado em 1733. Na década de 1840, recebeu oficialmente o nome de “Antigo”.

Ao longo dos séculos, “inúmeros imigrantes encontraram consolo, alívio e ajuda” na Igreja de São José, conta o escritor. Em 1755, o padre Robert Harding, sacerdote jesuíta e segundo pároco da igreja, “ajudou a cuidar de mais de 480 acadianos franceses necessitados que chegaram à Filadélfia depois que os britânicos os exilaram da Nova Escócia”, conta o escritor. Acádia era o nome dado à região leste do Canadá onde hje ficam as províncias de Nova Escócia, Novo Brunswick e Ilha do Príncipe Eduardo.

Em 1794, a igreja “deu boas-vindas a refugiados brancos e negros que fugiam da revolução em Santo Domingo”. Pronechen disse que dali nasceu “a primeira congregação de católicos negros da cidade”, e que “os registros eclesiásticos mostram” muitos casamentos e batizados de afro-americanos” desde o início do templo.

Em 1840, o padre Felix Joseph Barbelin, jesuíta de origem francesa, ajudou e acolheu “os afro-americanos na missa dominical” e na oração das vésperas. Em 1859, o padre Barbelin abriu uma escola para católicos negros e fundou organizações de ajuda aos “numerosos imigrantes irlandeses e italianos”, ficando “conhecido em toda a cidade como o apóstolo da Escola Dominical”, disse Pronechen.

Pronechen disse que, embora a igreja tenha se enfraquecido no início do século XX, após meio século ela refloresceu com a criação do Parque Histórico Nacional da Independência e do distrito histórico. “Hoje em dia, as pessoas viajam de fora do estado para visitar a nossa paróquia. Vêm para a missa dominical, de todas as partes da cidade e dos subúrbios”, disse Byrne ao escritor.

Ao longo dos anos, o templo recebeu a visita de importantes personagens, inclusive santos. Pronechen contou a história de Francis Drexel, pai de Santa Katherine Drexel. A religiosa americana lutou contra o racismo em relação aos nativos americanos e aos fro-americanos. Seu pai, foi batizado e se casou na Antiga igreja de São José e a frequentava com a esposa e a filha.

Também São John Neumann a visitou quando era bispo da Filadélfia, em meados do século XIX. Durante os anos da Guerra de Independência americana (1777 a 1783), o templo dedicado ao padroeiro universal da Igreja Católica foi visitado pelo marquês de Lafayette (1757-1834) e pelo conde de Rochambeau (1725-1807), comandantes militares franceses que lutaram ao lado dos americanos na guerra de independência.

John Barry (1754-1803), herói naval da guerra de independência e pai da Marinha dos EUA, casou-se e frequentou regularmente a missa na Antiga igreja.

Segundo Pronechen, o templo foi a sede de uma florescente paróquia antes da independência dos Estados Unidos, em 1776. Em 1734, foi o único templo que conseguiu “obter sua independência da lei britânica que proibia as missas públicas para os católicos”. O padre Joseph Greaton, missionário jesuíta, chegou à igreja naquela época e construiu uma pequena capela para a realização de missas públicas. A corte inglesa teve que aceitar a legalidade das celebrações litúrgicas, porque “já havia aprovado a Carta de Privilégios de William Penn, que permitia a liberdade religiosa”. William Penn foi o fundador da Pennsylvania. Há uma placa na igreja comemorando o fato. Naquela época, “a cidade Filadélfia se tornou um centro” do catolicismo “nas colônias”, pois a Antiga Igreja de São José era “o único lugar em todo o mundo de língua inglesa” onde os católicos podiam participar legalmente da “celebração pública do Santo Sacrifício da Missa”, afirmou Pronechen.

Em 1757, devido à grande afluência de fiéis, o sucessor do padre Greaton construiu uma igreja maior e outra dedicada à Virgem Maria, chamada de “Antiga Igreja de Santa Maria”. Pronechen afirmou que, segundo registros oficiais, em 1785 havia mil católicos na cidade e dois mil nos arredores. Segundo os registros sacramentais, foram realizados “8.850 batismos antes de 1810”.

Arquitetura do templo

Em 1839, a paróquia construiu uma terceira igreja, ainda hoje muito frequentada. Segundo Pronechen, ela foi construída pelo paroquiano John Darragh. Na entrada do templo, uma placa identifica o “Antigo São José” como santuário nacional.

O templo possui uma arquitetura clássica popular. O presbitério da igreja se destaca com um par de colunas jônicas onduladas em cada lateral, sobre o qual se ergue um frontão arqueado. O conjunto produz “um efeito agradável e sereno para o silêncio e a adoração”, afirmou o escritor. Ao centro, “o tabernáculo parece, em si mesmo, um expressivo templo clássico”. Sobre o tabernáculo, há uma enorme pintura que retrata a Crucifixão, obra do paroquiano Sylvano Martínez.

Presbitério da Antiga Igreja de São José. Crédito: Philadelphia Encyclopedia

Pronechen disse que a primeira estátua de São José, esculpida em Roma, chegou ao templo em 1847. Também em um pedestal, está a estátua do missionário jesuíta São Francisco Xavier, que chegou ao templo em 1923.

Sobre os altares laterais menores, dois nichos arqueados abrigam estátuas menores. À direita, o Sagrado Coração, presente no templo desde 1885; à esquerda, uma imagem da Virgem Maria quando era jovem. “Os tabernáculos em ambos os altares laterais ecoam o projeto do tabernáculo central”, disse Pronechen.

Em 1886, a igreja obteve seus quatro vitrais: um deles representa os anjos adorando a Eucaristia em uma custódia; outro, a Coroação de Maria; os outros dois retratam o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

A igreja passou por reformas. Em 1885, o pai de Santa Katharine Drexel, que tinha uma boa situação financeira, doou o montante necessário para a renovação da igreja e a construção de uma nova escola. Com a doação, a paróquia superou dificuldades e chegou a comprar novos assentos, ao estilo vitoriano. Também recebeu como doação um mural circular neoclássico intitulado “A exaltação angelical de São José no céu”, obra de Filippo Costaggini, que também trabalhou na decoração do Capitólio dos EUA, em Washington, e da basílica catedral de São Pedro e São Paulo, na Filadélfia.

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Em 1904, grupos da Congregação de Maria financiaram vários trabalhos de reforma do templo, incluindo “um altar de mármore belamente esculpido, com suaves curvas em ´S´ no altar lateral, as portas de latão e o piso de mosaico”.

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