Irmã Gloria Narváez Argoty, sequestrada por terroristas muçulmanos em 2017 no Mali, enviou uma carta para sua família, na qual diz esperar que Deus a “ajude a alcançar a liberdade”. A mensagem foi transmitida ao irmão da religiosa colombiana, Edgar Argoti, pela Cruz Vermelha Internacional.

“As minhas saudações fraternais. Que o bom Deus voz abençoe e vos dê saúde. Estou sequestrada há 4 anos e agora estou num novo grupo”, afirmou irmã Gloria, segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). A religiosa franciscana nascida na Colômbia disse que está em cativeiro com o Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em inglês). Trata-se de uma aliança jihadista ligada à Al-Qaeda que opera no Sahel, região ao sul do deserto do Sahara. “Rezem muito por mim. Que Deus vos abençoe. Espero que Deus me ajude a alcançar a liberdade. Fraternamente Glória”, escreveu na carta datada de 3 de fevereiro de 2021.

Irmã Gloria Narváez foi sequestrada em 7 de fevereiro de 2017, enquanto realizava seu trabalho pastoral na aldeia de Karangasso, no Mali. Ela trabalhava há seis anos como missionária na paróquia e vivia no país há 25 anos.

Durante esses quatro anos, o irmão da freira, o professor Edgar Argoty, tem buscado meios de libertá-la. Através dos ofícios da Cruz Vermelha Internacional, os dois já trocaram outras mensagens nos últimos meses.

Em entrevista à Fundação ACN, Edgar disse que em uma das cartas contou para irmã Gloria que a mãe deles, Rosita Argoty de Narváez aos 87 anos. Ela não teria conseguido “aguentar mais a tristeza e o desespero” pelo sequestro da filha.

Meses depois, a religiosa respondeu com cumprimentos à família. Edgar contou que ir. Gloria disse “que estava bem de saúde e que, por favor, pedíssemos às autoridades aqui na Colômbia para que pudesse ser libertada e regressar à Colômbia”.

Entretanto, lamentou que uma missão internacional liderada pela Colômbia para resgatar irmã Gloria Narváez recebeu ordens em junho para retornar. “Partiram em março, fez agora três meses, e o projeto iria até agosto de 2021”, afirmou.

Ainda não se sabe o motivo pelo qual a missão foi suspensa. À Fundação ACN, Edgar se disse “triste e desconcertado”, “porque o grupo da Colômbia que ia buscá-la regressou e a minha irmã está sozinha”.

Segundo ele, através das informações conseguidas pela Cruz Vermelha, soube que sua irmã está bem de saúde, mas ficou psicologicamente abalada depois que a médica francesa Sophie Petronin foi libertada. As duas partilhavam o cativeiro. “Essa separação fez mal à minha irmã, psicologicamente, mentalmente, porque foram quatro anos de amizade. Davam-se muito bem, ficaram boas amigas”, afirmou.

“Estiveram juntas durante quatro anos, viviam juntas, comiam juntas, dormiam na mesma tenda, onde eram vigiadas, mas tinham a sua liberdade. Até certo ponto podiam sair para contar as estrelas e as pedrinhas, contar os animais que passavam por ali para matar o tempo porque não faziam mais nada”, contou. Segundo Edgar, elas “eram bem tratadas pelo fato de serem mulheres e, por causa do hábito religioso da irmã, respeitaram-na muito. Elas viviam juntas”.

Depois que Petronin foi libertada, irmã Gloria foi enviada a outro grupo jihadista e “mudaram-na de lugar, para mais longe”. “Mas, aos poucos, foi-se recuperando mentalmente e agora já está bem”, disse o irmão da religiosa. Contou que ela “está fisicamente acabada, muito magra, a pele, o rosto parece estar queimado pelo sol, pelo clima do Mali, mas, graças a Deus, manteve-se sã. Tem muita força”.

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