O papa Francisco recebeu uma cruz peitoral feita com pedaços de madeira da igreja da Assunção, destruída em outubro de 2020 durante as manifestações sociais que abalaram o Chile em outubro de 2019, várias igrejas próximas às principais ruas de Santiago foram atacadas. A igreja da Assunção foi saqueada e destruída completamente no dia 18 daquele mês. Ela já havia sido atacada anteriormente em 8 de novembro de 2019.

Após o ataque, voluntários, instituições e organizações se ofereceram para ajudar na reparação e acompanhar espiritualmente a comunidade afetada. Professores e alunos das carreiras de prevenção de riscos, construção e restauração de bens patrimoniais do instituto católico de ensino superior Duoc UC (Departamento Universitário Operário e Camponês da Universidade Católica do Chile) fizeram o trabalho de limpeza e reconstrução.

Em uma das visitas, o grupo recolheu as vigas caídas do teto e da cúpula. “Com uma daquelas vigas queimadas, pudemos confeccionar uma cruz peitoral, como um símbolo muito poderoso. Com vigas que estavam no chão, literalmente, pudemos elaborar uma cruz. É um sinal de vitória, uma resposta à violência por meio da cruz de Cristo”, expressou o padre Samuel Arancibia, capelão geral de Duoc UC.

O bispo auxiliar de Santiago, dom Alberto Lorenzelli, entregou a cruz ao papa no domingo, 4 de julho, antes da internação de Francisco no Hospital Gemelli de Roma, para ser submetido a uma cirurgia programada.

Dom Lorenzelli disse que Francisco se emocionou ao receber a cruz já que “tem um significado profundo, de uma igreja que foi queimada em um momento particular do povo chileno, de uma ferida profunda que a Igreja viveu frente àqueles acontecimentos”.

Sobre o trabalho de restauração da igreja, o bispo disse: “Aqui há um trabalho de jovens que vêm de realidades sociais muito diferentes, e que nos mostra claramente que assim como há aqueles que destroem, há outros que estão dispostos a construir. Além disso, o papa recebe esta cruz no mesmo dia do início da Convenção Constitucional, então são muitas coisas que se juntam e que são expressão de uma Igreja capaz de se levantar para mostrar a força da cruz de Cristo”.

Jorge Escalona, diretor da faculdade de engenharia civil, disse que “o panorama era muito desolador”, mas “trabalhar em equipe permitiu ajudar e fazer muitas ações que hoje nos enchem de orgulho”.

A Duoc UC explicou que, na confecção da cruz oferecida ao papa Francisco, participaram cerca de 60 pessoas, entre professores, alunos, pessoal administrativo, diretores, além da comunidade.

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