Morreu na segunda-feira, 5 de julho, padre Stan Swamy, jesuíta que estava preso na Índia acusado de terrorismo por defender os direitos de comunidades tribais. O sacerdote de 84 anos estava internado no hospital da Sagrada Família, e Mumbai, após ter contraído covid-19 na prisão.

“Perdemos um defensor destemido dos pobres e um sacerdote católico inspirador”, disse Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Segundo o site jesuíta Ponto SJ, ao longo de 50 anos, padre Swamy “trabalhou incansavelmente em favor de grupos de marginalizados na Índia, nomeadamente contra as expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis”, no estado de Jharkhand. Por conta de sua atuação pelos direitos dos povos tribais, foi preso em outubro de 2020, pela autoridade antiterrorista da Índia, a National Investigation Agency (NIA), acusado de terrorismo e cumplicidade com rebeldes maoístas. O sacerdote sempre negou a acusação.

No momento de sua detenção, padre Swamy já sofria com Parkinson e tinha a saúde debilitada. Segundo Ponto SJ, na prisão foi “difícil assegurar-lhe as condições mínimas de dignidade. Foi forçado a dormir no chão durante vários dias e, só depois de vários protestos que se prolongaram por mais de um mês, lhe foi dado um copo com canudo, utensílio de que necessita para conseguir beber água autonomamente”.

No hospital, onde estava internado desde 28 de maio, o sacerdote aguardava pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre a sua libertação por razões médicas. O pronunciamento estava agendado para o dia 3 de julho, mas foi adiado para esta terça-feira, 6 de julho.

A prisão de padre Stan Swamy gerou manifestações e apelos. Em outubro do ano passado, a conferência episcopal da Índia considerou a prisão “incompreensível” e reafirmou o compromisso do sacerdote com a proteção dos direitos dos povos tribais. Recordou também que os católicos sempre foram elogiados por respeitar as leis e estar a serviço da Índia. “Sempre contribuíram para a construção da nação e continuam a colaborar com o governo para o bem comum de todos os indianos e para o progresso do nosso país”, disse.

Já em dezembro, o presidente internacional da Fundação ACN, Thomas Heine-Geldern, fez um apelo às autoridades indianas para a libertação do sacerdote jesuíta. Afirmou que o “único crime” do padre Stan havia sido o de “exigir justiça e denunciar os abusos” que estas populações tribais “sofreram na sua região”.

Heine-Geldern disse ainda que o caso deste sacerdote “é apenas a ponta do iceberg”, pois “outros casos de padres e catequistas” também foram “injustamente acusados com o objetivo de espalhar o medo e de intimidar” os que têm trabalhado com as populações tribais.

Ao comunicar a morte de padre Stan Swamy, o provincial dos jesuítas indianos, padre Stanislaus Souza, recordou o trabalho que ele desenvolveu junto aos adivasis e dos dalits. Também renovou o compromisso da Companhia de Jesus na luta pela justiça. “A Companhia de Jesus assume o compromisso de levar adiante o legado do pe. Stan Swamy e a sua missão de justiça e reconciliação”, disse.

Confira também: