A deputada pró-vida Margarita de la Pisa Carrión, do partido VOX, criticou duramente a recente aprovação do relatório Matic no Parlamento Europeu, que declara o aborto um direito humano fundamental, e denunciou que na instituição ocorre uma “comercialização de interesses particulares” carente de princípios e valores.

O Parlamento Europeu, reunido em Bruxelas, aprovou em 24 de junho, com 378 votos a favor, 255 contra e 42 abstenções, o relatório Matić, apresentado pelo político croata Predrag Fred Matić. O texto do relatório estabelece como direitos o acesso universal “ao aborto seguro e legal” e a legalidade do aborto “nas primeiras etapas da gravidez”. A objeção de consciência é redefinida neste documento como a “negação de atenção médica”.

Entrevistada pela ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, a deputada pró-vida afirmou que o relatório Matić “é verdadeiramente um catálogo de despropósitos com efeitos nocivos evidentes e imprevisíveis”.

“Os direitos humanos são a base de nossos sistemas judiciais. Pervertê-los pode acabar com a segurança que eles nos deveriam proporcionar. O que pode acontecer quando a vida e a liberdade de consciência não estão garantidas?”, questionou.

Para Margarita de la Pisa Carrión, “é desolador ver como uma maioria do Parlamento votou a favor de uma ´promoção da morte´, ao invés da proteção e apoio à vida”.

“Mas não vamos parar, para que esta sociedade recupere a esperança. Levaremos adiante a batalha legal contra esse relatório até onde seja necessário. Ao mesmo tempo, promoveremos uma mobilização civil e mediática para que aqueles que pensam diferente sejam ouvidos”, garantiu.

A deputada europeia do VOX recordou que “desde a nossa entrada no Parlamento Europeu, já faz mais de um ano, temos constatado como há vários anos vem sendo deixadas atrás as responsabilidades em relação à defesa dos verdadeiros direitos humanos”.

O parlamento vem se dedicando “a seguir slogans ideológicos de corte social-comunista e a política não está se concentrando nos verdadeiros problemas dos cidadãos”, denunciou.

No Parlamento Europeu, continuou, “foi feita uma política baseada em pactos e numa comercialização de interesses particulares, sem considerar que existem questões, como princípios e valores, inerentes à condição humana, e que em caso algum podem ser negociáveis”.

Para a euro-deputada, essa posição não é “um reflexo do modo de pensar da sociedade, que vive alheia à atividade radical exercida pelos seus representantes”.

Após a aprovação do relatório Matić, ela afirmou que “há um longo caminho a percorrer”.

“Estamos ativos, trabalhando em muitas iniciativas que buscam trazer esperança, em valores como a maternidade, constantemente desprestigiada nos dias de hoje”, anunciou. “Podemos estar satisfeitos por termos sido capazes de despertar as consciências adormecidas dos parlamentares e de parte da sociedade em seu conjunto”, acrescentou.

Depois de salientar que desde o seu posto de parlamentar foi contra o relatório Matić desde o início, Margarita de la Pisa Carrión frisou que sempre teve “uma linha definida”.

“Queremos criar uma referência sólida e firme na defesa dos valores como a vida, elevando a voz do ´não´ frente ao aborto” e na luta pela “defesa da soberania nacional em matérias de saúde e educação, incluindo a educação sexual no seio da família, e a defesa da objeção de consciência dos médicos e do setor da saúde”, afirmou.

“Os parlamentares católicos não podem fazer-se de surdos”

A deputada europeia do VOX afirmou a importância de que os parlamentares católicos assumam uma posição clara, na mesma linha dos seus valores e da sua fé.

“Hoje em dia faltam vozes claras que defendam, sem medos nem ambiguidades, estas questões, como a de dizer ´Não ao aborto!´”, disse.

“É contraproducente ceder e deixar-se influenciar por conceitos eufemísticos, como a ´saúde e os direitos sexuais e reprodutivos', que só guardam em si o germe da confusão e da justificação, que abrem caminho à prática de uma falsa autonomia da liberdade da mulher sem limites nem restrições”.

Para Margarita de la Pisa Carrión, “os parlamentares católicos não podem fazer-se os surdos frente essa grave questão que espreita a vida, desde sua raiz, e a consciência moral mais profunda do ser humano”.

“Não podemos ser tímidos em relação a este vírus 'nômade' que é a ideologia de gênero, e que está intoxicando toda a legislação a nível europeu e nacional”, continuou.

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“Não podemos ficar parados diante da desconstrução da linguagem que tenta minar os fundamentos últimos e transcendentes dos direitos e acabar com a família”, acrescentou.

Perante o obscuro panorama e visando o futuro após o relatório Matić, Margarita de la Pisa Carrión assegurou que “a nossa esperança é que o ´real´ é de ordem transcendente. Ninguém nem nada poderão alterar aquilo que é a verdade das coisas”.

“O nosso compromisso tem que ser o de não perdermos a bússola que nos orienta nesta direção, e depois sermos capazes de aplicar concretamente as medidas necessárias para não cairmos em falácias como o mal menor, quando existem opções alternativas”.

Também não se pode, explicou, “negar a existência de absolutos morais que sempre deveriam ser uma linha vermelha para qualquer consciência humana”.

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