Em entrevista com a organização Ajuda à Igreja que Sofre, o Bispo Auxiliar Caldeu de Bagdá, Dom. Andreas Abouna, considerou provável que os prelados iraquianos "se reunam com o Papa para rogar-lhe que peça democracia para o Iraque", frente à provável aprovação de uma Constituição nacional regida pela lei sharia que discrimina os não muçulmanos.

O Prelado assinalou que uma intervenção do Papa aumentaria a pressão. Em agosto passado, o Santo Padre se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores iraquiano Hoshyar Zebari, quando pediu que o rascunho da Constituição respeitasse os direitos religiosos.

No mês passado, o Patriarca de Bagdá, Emanuel III Delly, reuniu-se com o Presidente e Primeiro-ministro do Iraque para manifestar a oposição dos bispos a afastados chaves da Constituição que "abrem todas as portas" à possibilidade de criar leis injustas para os não muçulmanos, como a lei sharia que estabelece a lei islâmica como lei do Estado.

"Procuramos liberdade o Governo deve nos escutar, porque de outro modo, o país será como uma ditadura", indicou. O Prelado afirmou que sua opinião reflete as preocupações dos fiéis e muitos deles estão muito atemorizados em participar do referendum. "Continuo com a esperança de que a Constituição seja emendada. O documento atual ainda não é o definitivo", acrescentou.

A chave do problema está em uma contradição fundamental que, segundo o Bispo, encerra a Constituição: os artigos 2.1 (b) e 2.2. defendem os direitos de liberdade e direitos religiosos, mas o artigo 2.1 (a) diz: "Não se pode aprovar nenhuma lei que entre em contradição com as leis do Islã".