Dom Lazzaro You Heung-sik, novo prefeito da Congregação para o Clero e bispo de Daejon, na Coreia do Sul, afirmou que está orando para que o papa Francisco visite a Coreia do Norte e, assim, ajude na pacificação entre os dois países.

Dom You Heung-sik foi nomeado Prefeito da Congregação para o Clero no último dia 11 de junho tornando-se o primeiro bispo coreano na Cúria Romana.

Em uma entrevista concedida à Fides, agência de notícias das Missões Pontifícias, dom You Heung-sik disse que, depois que o papa Francisco lhe comunicou a nomeação, “estando em oração e reflexão, humanamente senti certa incapacidade para assumir uma tarefa tão importante. Com o tempo o bispo sentiu ter crescido a convicção de que “o amor e a misericórdia de Deus são certamente maiores” que sua imperfeição.

“Lembrei-me, sobretudo, de Santo André Kim Taegon e de tantos outros mártires coreanos, que disseram sempre ´sim´ à vontade de Deus e da Igreja sem hesitar, amando a Deus e ao próximo até o fim. Por isso, pedindo sua intercessão, disse com alegria meu ´sim´ a Deus através do Santo Padre”, afirmou.

Sacerdotes santos

“Sou consciente de que é uma tarefa árdua e uma grande responsabilidade ajudar o Santo Padre neste dicastério especial, que quer oferecer atenção e cuidados especiais aos sacerdotes, diáconos e seminaristas do mundo”, disse o prelado, que confia “na ajuda do Espírito Santo” e na “profunda comunhão com o papa Francisco”.

Em relação ao seu trabalho como prefeito da Congregação para o Clero, Dom You Heung-sik assegurou que “os sacerdotes santos renovam a Igreja e mostram seu rosto mais bonito”, e frisou que é muito importante “formar sacerdotes que saibam inclinar-se diante do sofrimento humano de tantos irmãos, que estejam dispostos a lavar os pés uns aos outros e que vivam o amor fraterno, como o do bom samaritano”.

Nesse sentido, o bispo destacou que “estes bons sacerdotes não surgem do nada”, e insistiu na “necessidade de seguir um caminho sério de formação permanente, que os ajude a viver com serenidade o seu ministério pastoral, a enfrentar com coragem os desafios do mundo e, sobretudo, a redescobrir o precioso valor do amor fraterno que podem experimentar com os seus irmãos”.

“O celibato sacerdotal, que todos aceitamos como um dom do Pai, não nos obriga a viver o nosso ministério como órfãos, mas sabemos que estamos felizes incluídos numa grande família, a família sacerdotal, onde podemos experimentar a amizade e a comunhão”, afirmou.

Convite do papa à Coreia do Norte

Em relação a uma possível visita do papa Francisco à Coreia do Norte, o bispo de Daejon disse que, em outubro de 2018, o presidente da República da Coreia, Moon Jae-in, foi recebido em audiência pelo papa Francisco. Naquele encontro, ele lhe transmitiu um convite de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, para uma possível viagem apostólica. “O papa então respondeu que estava disposto a visitar a Coreia do Norte a partir do momento que recebesse um convite formal das autoridades de Pyongyang”, disse o prelado, que assegura que, quando soube da disposição do papa se sentiu “verdadeiramente comovido”.

“Desde então, rezo constantemente para que a visita do papa à Coreia do Norte se realize. Quase dez milhões de coreanos vivem em uma separação forçada pela divisão entre o sul e o norte”, afirmou.

“O confronto na península da Coreia é um dos maiores sofrimentos da humanidade atualmente. Cabe frisar que a chamada 'Zona Desmilitarizada' (DMZ) entre o sul e o norte é, ironicamente, o lugar mais militarizado do mundo. Estou convencido de que uma eventual visita a Pyongyang poderia ser um ponto de inflexão, que nos permitiria dialogar entre coreanos e entender-nos melhor, começando pelas pequenas coisas e terminando pelas grandes, para chegar talvez à reunificação do sul e do norte”, afirmou.

“A mediação do Santo Padre poderia ser uma ocasião propícia para pôr fim ao conflito, fruto da desconfiança mútua entre as duas partes da península que já dura demasiadas décadas”, declarou à agência Fides.

Ele também disse que está orando para que haja um entendimento entre as duas Coreias, embora existam “humanamente poucas esperanças”, “mas como Deus é todo-poderoso, orando, trato de acolher tudo o que possa ser útil para promover a paz. Ao assumir a minha nova missão na Igreja, se eu puder dar o meu apoio ao restabelecimento da paz na península da Coreia, farei isso com prazer”. 

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