O arcebispo Paul Gallagher disse não estar convencido de que falar sobre a situação em Hong Kong "faria alguma diferença". Galagher é Secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, uma espécie de um ministro das Relações Exteriores.

"Pode-se dizer muitas palavras, digamos, apropriadas, que seriam apreciadas pela imprensa internacional e por muitas partes do mundo, mas eu e, creio, muitos de meus colegas, ainda não estou convencido de que isso faria diferença alguma".

Ativistas de direitos humanos cobram do Vaticano uma manifestação pública sobre a situação política em Hong Kong e na China continental.

Benedict Rogers, fundador da Hong Kong Watch, disse ao grupo ACI em abril que faria uma "grande diferença" se o papa rezasse publicamente pelos uigures, pelos cristãos na China, e pelo povo de Hong Kong.

"O papa atual é particularmente franco nas questões de perseguição, injustiça e conflito ao redor do mundo", disse Rogers.

"Ele tem atuado muito bem para com Myanmar, por exemplo, e por isso é realmente intrigante este silêncio quase completo sobre tudo o que tem diz respeito à China, sejam os uigures ou Hong Kong ou os cristãos que vivem lá ou o Tibete", acrescentou ele.

Para Galagher o caso da China é diferente do caso do Líbano. "Obviamente Hong Kong é objeto de preocupação para nós. O Líbano é um lugar onde percebemos que podemos dar uma contribuição positiva. Não percebemos isso em Hong Kong", disse Gallagher em uma entrevista coletiva no Vaticano na sexta-feira, 25 de junho.

Os comentários de Galagher chegam poucos dias antes da visita programada do Secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, à Cidade do Vaticano na próxima segunda-feira, 28.

O Departamento de Estado disse que a liberdade religiosa e a crise climática serão temas centrais nas reuniões.

Blinken expressou preocupações com o governo chinês no último 11 de junho sobre a "deterioração das normas democráticas em Hong Kong e o contínuo genocídio e crimes de lesa  humanidade contra os uigures, que são de maioria muçulmanos, assim como membros de outros grupos étnicos e minorias religiosas em Xinjiang", segundo o Departamento de Estado americano.

As autoridades da China Continental reforçaram seu controle sobre Hong Kong com a imposição de uma lei de segurança nacional em 2020.

No mês passado, o Papa Francisco nomeou um novo bispo de Hong Kong, o padre jesuíta Stephen Chow Sau-yan, cuja consagração episcopal está agendada para dezembro.

O bispo eleito Chow disse que acredita que a prudência e o diálogo proporcionam um caminho para avançar nos desafios que sua diocese enfrenta.

Na conferência de imprensa do Vaticano, Gallagher acrescentou: "Esperamos também que o novo bispo faça um ótimo trabalho".

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