O papa Francisco manifestou sua preocupação pela arrecadação baixa da coleta em benefício da Terra Santa este ano e pediu que não haja indiferença em relação aos problemas dos cristãos do Oriente Médio, para não deixar as ruas de Jerusalém desertas.

O Santo Padre recebeu, em uma audiência no Vaticano nesta quinta-feira, 24 de junho, alguns membros da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO) que estão presentes em Roma para a sua assembleia entre os dias 21 a 24 de junho.

Durante o seu discurso, o papa comentou a informação que recebeu sobre a coleta para a Terra Santa, que em 2020 “arrecadou aproximadamente a metade” do que havia sido arrecadado em anos anteriores.

O pontífice considerou que a baixa arrecadação está relacionada com a pandemia do coronavírus e com as medidas de confinamento da população. “Certamente os longos meses em que as pessoas não puderam se reunir nas igrejas para as celebrações, mas também a crise econômica gerada pela pandemia, pesaram muito”.

O papa afirmou que o distanciamento teve um lado positivo “nos faz bem, porque nos impele a uma essencialidade maior”. Mas “não pode nos deixar indiferentes, pensando também nas ruas desertas de Jerusalém, sem peregrinos que vão ali para se regenerarem na fé, mas também para expressar solidariedade concreta com as Igrejas e as populações locais”.

Sobre o conflito entre Israel e a Palestina, o papa expressou um sonho de “que no céu se estenda o arco da paz, dado por Deus a Noé como sinal da aliança entre o céu e a terra e da paz entre os homens”. E lamentou que “muitas vezes, porém, mesmo recentemente, esses céus são sulcados por bombas que causam destruição, morte e medo”.

O pontífice também agradeceu a preocupação da ROACO pela situação na Eritreia e no Líbano.

Na Eritreia, a Igreja sofre grandes dificuldades pelas apreensões do governo. No Líbano, uma grave crise desencadeou-se após a explosão no porto de Beirute que afetou vários bairros cristãos da capital do Líbano, em 4 de agosto de 2020.

O papa também falou sobre o “escândalo de dez anos de conflito” na Síria, com “milhões de deslocados internos e externos, as vítimas, a necessidade de uma reconstrução que ainda permanece refém da lógica partidária e da falta de decisões corajosas para o bem daquela nação martirizada”.

O bispo de Roma revelou que acompanha com apreensão “situação que se criou com o conflito na região de Tigray, na Etiópia, sabendo que o seu âmbito também abrange a vizinha Eritréia. Além das diferenças religiosas e confessionais, percebemos o quão essencial é a mensagem da Fratelli tutti, quando as diferenças entre etnias e as consequentes lutas pelo poder são erguidas num sistema”.

Por fim, lamentou feridas sofridas pelo povo da Armênia, país que visitou em 2016, e agradeceu os esforços “para que a comunidade católica continue sendo sinal e fermento de vida evangélica”.

Confira também: