A colônia britânica de Gibraltar votará a descriminalização do aborto, na próxima quinta-feira, 24 de junho.

Gibraltar é um território do Reino Unido na península Ibérica com cerca de 33 mil habitantes, dos quais 25 mil são católicos. Em Gibraltar, o aborto acarreta penas de prisão perpétua para a mãe e para quem ajude a interromper a gravidez, mas ninguém nunca foi condenado por isso. A legislação sobre aborto em Gibraltar é uma das mais restritivas da Europa. No Reino Unido o aborto é livre até a 24ª semana de gravidez, uma das legislações mais permissivas do mundo.

Em julho de 2019, o parlamento de Gibraltar aprovou, por 10 votos a 7, uma alteração da lei que permitiria o aborto em determinadas situações. Em março de 2020, estava previsto um referendo popular sobre a lei, que não ocorreu por causa das medidas de combate à pandemia de covid-19. O referendo será nesta quinta-feira, 24 de junho. Todos os cidadãos de Gibraltar maiores de 16 anos podem votar.

Se a lei for aprovada, o aborto será permitido até à 12ª semana de gestação se houver risco de que a mãe sofra danos físicos ou mentais, graves ou permanentes, ou de que o bebê nasça com alguma deformação congênita. O aborto também será permitido em casos de estupro e incesto.

Resposta da Igreja Católica em Gibraltar

O movimento pró-vida de Gibraltar opôs-se à emenda e vem promovendo a campanha “Salve bebês, vote NÃO”.

No dia 15 de junho, cerca de 500 pessoas participaram numa manifestação convocada pelos grupos pró-vida. Algumas igrejas da diocese de Gibraltar estão organizando jornadas de oração para pedir a proteção da vida dos bebês não nascidos.

O grupo HOPE, de mulheres que sofreram um aborto espontâneo, organizou uma novena pela proteção da vida em Gibraltar.

O bispo de Gibraltar, dom Carmel Zammit, enviou uma carta aos fiéis da diocese a respeito do referendo e afirmou que “a Igreja sempre foi muito clara em seus ensinamentos a respeito. Todos os católicos e as pessoas de boa vontade têm o dever moral de defender a vida humana inocente desde o momento da concepção até ao seu fim natural. Seja qual for o resultado deste referendo, esse ensinamento não muda”.

“Esse referendo não é só uma oportunidade para exercitar nosso direito ao voto e, portanto, de contribuir para o bem comum, mas também para defender os mais fracos de nossa sociedade”, disse o bispo.

Dom Zammit lembrou que o aborto “não é a tentativa de eliminar um problema, mas sim uma criança através de sua morte. Nunca será um ato bom ou amoroso, porque o resultado é o fim de uma vida humana inocente. Aqueles que intencionalmente cooperam com o desfecho dessa vida humana são, de igual modo, moralmente culpados por esse ato”.

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