Associações e organizações católicas portuguesas manifestaram o “mais veemente repúdio” ao plano do governo de deter os imigrantes sem documento em uma prisão de Oeiras, bairro de Lisboa. “Migrar não é crime. A falta de documento não é crime”, dizem as entidades católicas em comunicado conjunto lançado na sexta-feira, 18 de junho.

O encarregado dos serviços de controle de fronteiras, Eduardo Cabrita, teria dito que “a hipótese de alojar imigrantes na prisão de Caxias estava sendo estudada”, segundo o jornal ‘Público’. O jornal diz ter tido acesso a um protocolo sobre a medida assinado em janeiro deste ano entre o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal, André Costa Jorge, em declarações à Ecclesia, agência da conferência episcopal portuguesa, por ocasião do Dia Mundial do Refugiado que se comemora no dia 20 de junho, afirmou que Portugal tem mostrado um “profundo humanismo” na acolhida de migrantes e refugiados. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) há 1,4 milhões de refugiados vulneráveis e com necessidade de realojamento em 2020 na Europa.

“A sociedade civil portuguesa soube estar à altura do desafio, todavia, infelizmente, não foi assim em toda a Europa”, disse André Costa. A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), entidade criada pelo governo de Portugal, congregou “centenas de organizações, muitas delas da Igreja Católica”. Desde 2018, a PAR é coordenada pelo JRS. Essas organizações acolheram cerca de 40 pessoas em 2015 e, no final de 2020, mais de 2 mil, segundo Costa. A PAR recebeu, em 2017, o prêmio cidadão europeu, atribuído pelo Parlamento Europeu.

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