Na solenidade de Corpus Christi, a Igreja Católica de Maria Rainha da Paz, em Daw Ngan Kha, em Myanmar, foi atacada pelo Exército. Não houve vítimas.

Desde 1º de fevereiro, Myanmar experimenta confrontos sangrentos entre as forças de segurança e manifestantes, que protestam contra o golpe militar que derrubou a líder Aung San Suu Kyi.

O sacerdote da diocese de Loikaw, o padre Paul Tinreh, disse à agência Fides, serviço de informações das Pontifícias Sociedades Missionárias, que embora o atentado não tenha deixado vítimas, a igreja foi danificada. Ele lamentou que outros edifícios na área também tenham sido afetados pelo bombardeio indiscriminado, no dia 6 de junho.

“Desde que o estado de Kayah se tornou uma zona de guerra, nenhum lugar é seguro”, disse outro sacerdote do lugar, o padre Francis Soe Naing.

O padre Wilbert Mireh, sacerdote jesuíta da região, contou a Fides que foi feito um apelo aos militares para “não atacar as igrejas, porque muitas pessoas, especialmente os mais vulneráveis, se refugiam nelas. Mas o apelo caiu em ouvidos surdos”.

“Uma das razões pelas quais eles atacam a Igreja Católica é que, em colaboração com muitos doadores, a Igreja Católica tomou iniciativas para ajudar mais de um terço da população total do estado de Kayah que se tornaram refugiados à força devido aos ataques indiscriminados do regime militar”, acrescentou. São mais de 300 mil pessoas.

A Fides informou que cerca de 800 famílias católicas vivem perto da igreja bombardeada, assistidas por “3 padres, 2 irmãos religiosos, 4 freiras, 1 catequista e 15 agentes pastorais voluntários”.

O novo ataque ocorreu depois que o exército havia prometido evitar que as construções da igreja sofressem ações tão violentas. Já é a sexta vez, nas últimas duas semanas, que uma igreja é danificada por ataques em Myanmar. Em maio, os militares atacaram uma igreja católica no vilarejo de Kayan Thaya, a igreja de São José, em Demoso, e a Igreja do Sagrado Coração, em Kayantharyar, perto de Loikaw, matando quatro pessoas que se encontravam refugiadas dentro dela.

Outros atos violentos também foram registrados no país desde o início dos confrontos. Em 27 de maio, dois jovens católicos de 18 anos, Alfred Ludo e Patrick Bo Reh, foram mortos por balas disparadas por franco-atiradores. Ambos trabalhavam em Demoso, na diocese de Loikaw, levando alimentos e ajuda humanitária aos refugiados.

Em várias ocasiões, o papa Francisco pediu a paz para Myanmar, país com a população de 54 milhões de habitantes e que tem fronteiras com Bangladesh, Índia, China, Laos e Tailândia. O Santo Padre se tornou o primeiro pontífice a visitar a nação, de maioria budista, em novembro de 2017.

Em 25 de maio de 2021, o cardeal Charles Maung Bo, presidente da Conferência Episcopal de Myanmar e da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, implorou às partes envolvidas para que a guerra em Myanmar não se intensifique.

“Isso deve acabar. Rogamos a todas as organizações relacionadas que tenham a gentileza de não agravar a guerra. Nosso povo é pobre, a COVID-19 roubou-lhes seu sustento, a fome espreita milhões, a ameaça de outra onda da COVID-19 é real. Neste momento, o conflito é uma anomalia cruel. A paz é possível. A paz é o único caminho”, disse o cardeal em um comunicado publicado pela arquidiocese de Yangon.

Confira também: