Pela primeira vez na história a diocese de Roma está sendo auditada pelo escritório do revisor geral da Santa Sé. ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, apurou que a auditoria teve início no mês de abril deste ano, mas não foi anunciada publicamente pelo vicariato de Roma e nem pelo Vaticano.

A auditoria busca avaliar o balanço e o orçamento da diocese de Roma, e outros aspectos da sua administração e dos seus procedimentos, como investimentos financeiros, gestão de propriedades e recursos humanos.

A diocese de Roma administra mais de 500 igrejas, incluindo 330 paróquias e numerosas entidades, que incluem mais de 100 associações públicas de fiéis e abarca cerca de mil sacerdotes.

O gabinete do revisor geral da Santa Sé, que também é a autoridade anticorrupção do Vaticano é chefiado por Alessandro Cassinis Righini.

Critérios de negócios

Vários departamentos da diocese de Roma vêm aplicando critérios empresariais na administração de recursos humanos, patrimônio imobiliário, investimentos financeiros, e na preparação do Jubileu de 2025 em Roma.

Numa homilia por ocasião da ordenação de sacerdotes do clero de Roma, o papa Francisco pediu-lhes que sejam pastores e não sacerdotes “empresários”, que imitem o “estilo de Deus” que consiste na proximidade, na compaixão e na ternura.

O papa ilustrou o que queria dizer com o episódio de “um sacerdote muito inteligente, muito prático, muito capaz, que tinha muita administração nas suas mãos, mas que o seu coração estava apegado àquele escritório”. Esse padre “um dia viu que um dos seus empregados se equivocou, era um ancião, e por isso gritou com ele, demitiu-o e aquele ancião morreu por causa disso”. “Aquele homem foi ordenado sacerdote e acabou sendo um empresário implacável”, disse o papa.

Francisco, então, aconselhou os novos sacerdotes a se afastarem “da vaidade, do orgulho, do dinheiro”, pois “o diabo entra pelos bolsos”. “Pense nisto, sejam pobres, como é pobre o santo povo fiel de Deus, pobres que amam os pobres, não sejam escaladores da carreira eclesiástica, porque depois você se torna um funcionário”, disse o papa.

Por fim, o pontífice observou que, “quando um padre começa a ser empresário, seja da paróquia, seja da escola, seja de onde for, ele perde aquela proximidade com o povo, perde aquela pobreza que o assemelha a Cristo pobre e crucificado e se torna um empresário, um padre empresário e não um servo”.

No encontro com o clero de Roma em 9 de maio de 2019, Francisco falou sobre o risco de cair na “tentação” de “dar um jeito nas coisas” superficialmente e sobre a “mundanidade do funcionalismo”.

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