A irmã Maria Laura Mainetti, religiosa italiana assassinada em 6 de junho de 2000 em um ritual satânico, será beatificada no próximo domingo, 6 de junho, na diocese de Como na Itália, onde a futura beata viveu. À época de seu assassinato, Mainetti era superiora do convento das Irmãs da Cruz em Chiavenna e se dedicava a ajudar delinquentes juvenis.

Na noite de 6 de junho de 2000, três adolescentes que tinham sido alunas de catequese da irmã Mainetti ligaram pedindo que ela as encontrasse em um parque. Elas diziam que uma delas precisava conversar pois havia sido estuprada, estava grávida e pensava fazer um aborto.

Quando a religiosa chegou ao parque, foi atacada por Ambra Gianasso, Milena De Giambattista, ambas de 16 anos, e Veronica Pietrobelli, de 17. As três obrigaram Mainetti a se ajoelhar e a insultavam gritando. Uma delas bateu na irmã de 60 anos com um tijolo e outra golpeou sua cabeça repetidamente contra uma parede. Depois, elas apunhalaram Mainetti 19 vezes. Segundo seus depoimentos, a intenção era apunhalá-la 18 vezes, seis vezes cada uma, formando o número 666, da besta do Apocalipse.

Durante todo o ataque, irmã Mainetti rezou. Suas últimas palavras, segundo depoimento das assassinas, foram: "Senhor, perdoa-lhes".

Depois de detidas, as três adolescentes disseram ter matado a religiosa como parte de um jogo. Mais tarde, revelaram que se tratava de um ritual satânico. As três adolescentes disseram que tinham planejado matar o pároco da cidade no ritual, mas decidiram que a religiosa, por ser mulher, seria uma vítima mais fácil. Segundo os investigadores da polícia que cuidaram do caso, os cadernos de anotações das meninas estavam cheios de escritos satânicos e que elas haviam feito um juramento de sangue alguns meses antes.

As três foram julgadas no tribunal de menores de Milão em 9 de agosto de 2001.  De Giambattista e Pietrobelli foram condenadas por homicídio e sentenciadas a 8 anos e 6 meses de prisão. Gianasso alegou insanidade e foi condenada a passar um período mínimo de três anos em um centro de detenção juvenil. A promotoria apelou e, em 4 de abril de 2002, o tribunal de apelação de Milão sentenciou Gianasso a 12 anos e 4 meses de prisão. Após cumprirem as sentenças dadas pelo tribunal de Milão, as três tiveram seus nomes mudados, foram para grandes cidades italianas e constituíram famílias.

Pietrobelli foi libertada da prisão em 4 de julho de 2004. Após sua libertação, ela participou de um programa de serviço comunitário em Roma por dois anos. Gianasso reduziu sua pena prestando serviços comunitários e teve a liberdade restituída em dezembro de 2007.

Giambattista depois de deixar a prisão em 2006 ficou alojada durante vários anos nas Comunidades do Êxodo, residências fundadas pelo sacerdote italiano Antonio Mazzi para a prevenção e tratamento do vício em drogas, na região de Verona.

Irmã Maria Laura nasceu em Colico, Lecco, Itália, em 20 de agosto de 1939. Seu nome de nascimento era Teresina. Mainetti era conhecida em sua pequena cidade por sua dedicação aos jovens e aos pobres.

A cerimônia de beatificação no próximo domingo, terá início às 16h (11h no horário de Brasília) e será presidida pelo cardeal Marcello Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. O bispo de Como, Dom Oscar Cantoni, concelebrará, junto com outros bispos e padres. O evento será no campo desportivo da Câmara Municipal de Chiavenna e será transmitido ao vivo através pela televisão local e pela Rádio Maria.

Neste sábado, 5 de junho, às 16h30 haverá uma vigília de preparação para a beatificação para jovens a partir dos 16 anos. Na ocasião será exibido um filme com depoimentos sobre a vida e o trabalho apostólico da religiosa italiana.

No domingo, 06, às 15h, haverá um momento de reflexão com leituras, ensaios de cantos e textos que recordarão a vida da nova beata para ajudar os fiéis a preparar-se para a celebração em que a Irmã Maria Laura terá seu nome escrito no livro dos santos e beatos da Igreja.

O bispo de Como, dom Oscar Cantoni escreveu que “não é por acaso que o dia da beatificação da Irmã Maria Laura coincide com a festa de Corpus Christi, memorial da festa das bodas do Cordeiro imolado e vitorioso”. Na Itália, a solenidade de Corpus Christi é tranferida da quinta-feira para o domingo. “Com a Eucaristia”, disse o Bispo, “não somos nós que vivemos, mas Jesus que vive em nós: as nossas ações nascem da comunhão com Ele desde o momento em que fomos criados pela comunhão, dando-nos a nós próprios”.

Para o bispo, “isso é o que a Igreja tenta proclamar com nossa querida Irmã Maria Laura”. Cantoni disse que “seu corpo, por meio de uma existência oferecida até o martírio, tornou-se instrumento eloquente e luminoso para difundir o amor de Deus por todos em todos os lugares”, destacou.

Mais informação: http://beatasuormarialaura.it/es/home-es/

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