O arcebispo de Bogotá e primaz da Colômbia, dom Luis José Rueda Aparicio, pediu aos colombianos que superem o “ódio visceral” fratricida com o verdadeiro amor que vem de Deus, uno e trino. O arcebispo celebrou a missa deste domingo, há mais de um mês do início da greve nacional que se estende desde o 28 de abril, organizada por diversos grupos de esquerda e marcada por episódios de vandalismo e violência. Só na cidade de Cali, até o momento há 13 mortos e dezenas de feridos. Outras cidades que sofreram vários ataques de vandalismo por parte dos manifestantes foram Medellín, Popayán, onde bombas incendiárias foram lançadas contra a prefeitura, Pereira e Bogotá, onde os vândalos atacaram uma delegacia na cidade de Facatativá.

Segundo a Agência Arquidiocesana de Comunicações, dom Rueda disse que “às vezes caminhamos para o verdadeiro amor, a vida é bela e somos artesãos e construtores de uma cultura da misericórdia. Mas pode haver momentos em que nos deixamos levar pelo ódio visceral que nos destrói, faz mal às famílias, enche-as de luto e de tristeza”.

Esse ódio, advertiu o arcebispo, “está destruindo as relações entre nós, cidadãos, e põe em nossos corações angústia e medo do que pode acontecer na cidade, em nossos campos e nas regiões”.

O bispo exortou à fraternidade e ao respeito entre os irmãos, para que “nasça o verdadeiro diálogo. Do contrário, interagimos como Caim e Abel, onde um tenta destruir o outro por inveja”. Também animou os fiéis a “encontrar caminhos de consenso para resolver os problemas” levando em consideração dois valores importantes: o respeito pela vida de todos e a dignidade de cada um. “Devemos respeitar a vida dos outros. Esse é o presente supremo. Sem vida, não podemos fazer nada. Sem vida, não podemos alcançar nada. É por isso que sinto tanta dor por essas vítimas, não só as de agora, mas as de sempre. É por isso que rejeitamos todas as formas de violência, porque ela é fraticida”.

O arcebispo de Bogotá explicou que “o segundo valor depois da vida humana é a dignidade de todos. Todos nós somos dignos porque fomos criados pelo amor de Deus e suas impressões digitais estão em nossa consciência e em nossa história. Aí encontramos a chave da fraternidade e não a do ódio ou da rejeição”.

Dom Rueda também exortou à busca da verdade, superando a má informação ou as informações parcializadas, porque “a verdade nos liberta do medo” e “do engano”.

Ao celebrar o mistério da Santíssima Trindade, «três pessoas diferentes e um só Deus verdadeiro que se torna amor”, o arcebispo de Bogotá concluiu lembrando que, “se você e eu fomos batizados no amor trinitário, somos chamados a ser artesãos da misericórdia, servidores da fraternidade e construtores permanentes da verdade”.

Em 28 de abril, teve início uma greve nacional na Colômbia, convocada por várias organizações da esquerda. Apesar de que a Igreja tenha incentivado os diálogos entre o Governo e os grevistas, soluções concretas ainda não foram alcançadas.

Em 13 de maio, a revista Semana informou que os líderes da greve haviam acordado, em Cali, “uma estratégia detalhada para estender os protestos indefinidamente, apesar da crise humanitária e da escassez em algumas regiões do país e dos bloqueios polêmicos”.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, foi ontem a Cali dialogar com os cidadãos que não querem mais violência.

Diante dos excessos e da violência, o bispo ordinário militar convocou um terço para orar, no próximo sábado, pela paz na Colômbia.

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