O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse querer falar sobre bênçãos a uniões homossexuais com o papa Francisco. “Vejo que há uma grande abertura em partes da Igreja Católica aos desenvolvimentos sociais que não se podem ignorar”, disse Maas, do Partido Social-Democrata alemão, ao jornal “Die Welt”. Maas falou depois que padres deram bênção a uniões homossexuais na Alemanha, na segunda-feira dia 10.

"Congratulo-me muito com o fato de que essas discussões estão sendo reiniciadas e conduzidas com maior profundidade," disse o ministro.

As declarações foram feitas antes da audiência de Maas com o papa Francisco, que aconteceu hoje, 12 de maio.

Depois da audiência, Maas disse a jornalistas que discutiu a pandemia de covid-19, o futuro da Europa, a violência em Jerusalém, a América Latina e os abusos sexuais na Igreja.

Haiko Maas está interessado em "como a Igreja Católica e em particular como o Papa pretende lidar com esta situação", disse o político, que também afirmou apreciar o Papa Francisco por seu "jeito pouco convencional".

Maas, de 54 anos, é católico batizado em, em sua juventude, era coroinha. Ele é o primeiro ministro das Relações Exteriores da Alemanha a ter uma audiência privada com um papa em quase 20 anos.

A visita do ministro ocorreu dois dias depois do evento de bênçãos a uniões do mesmo sexo como forma de protesto por sacerdotes e agentes pastorais na Alemanha contra o Responsum ad dubium da Santa Sé, publicado em 15 março de 2021, que afirmava que a Igreja não tem poder de abençoar uniões do mesmo sexo porque não pode “abençoar o pecado”.

Cerca de 200 teólogos e agentes pastorais de língua alemã pediram uma “revisão da doutrina da Igreja sobre a homossexualidade” e convocaram a bênção em nível nacional, que acabou ocorrendo também em uma paróquia de Zurique, na Suíça, para o último 10 de maio em protesto contra o documento da Congregação para a Doutrina da Fé.

Segundo os organizadores, as bênçãos foram dadas em cerca de 100 igrejas, principalmente nas dioceses do norte e oeste da Alemanha. Há 10 mil paróquias no país.

Em Colônia, Munique, Würzburg um "número pouco significativo" participou da ação, segundo a CNA Deutsch, agência em alemão do grupo ACI.

Um participante disse que, em Colônia, seis uniões foram abençoadas na capela da Comunidade da Universidade Católica local e 23 pessoas estiveram presentes.

“Não havia nenhum rito, nenhuma liturgia, e em geral uma atmosfera triste”, disse o participante À CNA Deutsch. Após discursos políticos, tocou-se “Imagine", de John Lennon.

“Nem a escassa demanda de uniões do mesmo sexo dispostas a serem abençoadas impediu que alguns párocos se apresentassem com grande loquacidade na mídia”, comentou Regina Eining, jornalista católica no jornal “Die Tagepost”.

A iniciativa é “uma ação altamente clericalista e ao mesmo tempo uma imagem da Igreja autorreferencial contra a qual o Papa Francisco alerta com urgência”, escreveu Eining.

Além do presidente da conferência episcopal alemã, Georg Bätzing, bispo de Limburg, já se manifestaram a favor de bênçãos a uniões homossexuais o bispo de Essen, Franz-Josef Overbeck, Helmut Dieser, de Aachen, cardeal Reinhard Marx, de Munique e Freising, Franz-Josef Bode, de Osnabrück, Peter Kohlgraf, de Mainz, e Heinrich Timmerevers, de Dresden.

Outros bispos saudaram a nota da Congregação para a Doutrina da Fé: cardeal Rainer Maria Woelki, de Colônia, Stephan Burger, de Freiburg, Ulrich Neymeyr, de Erfurt, Gregor Maria Hanke, de Eichstätt, Wolfgang Ipolt, de Görlitz, Stefan Oster, de Passau e o bispo de Ratisbona, Rudolf Voderholzer.

 

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